quinta-feira, 20 de março de 2008

E Eu e Tu, Perdidos e Sós


Não me apetece chorar, não me apetece rir, não quero estar séria, não quero só sorrir.

Estar, só por si é difícil, e parece que falar também não se pode, o tempo não o permite. Cada um no seu lugar a tentar viver o que se consegue viver dentro das 24 horas que nos são dadas para tal.

Não há tempo para ninguém, nem ninguém tem tempo para nós. A solidão espreita em cada esquina de multidão. As lágrimas já não dão nas vistas e as gargalhadas também não são bem-vindas.

Se estar, só por si é difícil, estar só também não é vida.

A felicidade vem dos gestos que temos para preencher a alma de quem nos chama. Mas estamos todos surdos. O barulho de tanta gente não deixa ouvir os gritos desesperados de solidão de quem chama por nós.

As vezes consegue-se dar cor ao céu e ver as estrelas, a lua. Mas é tudo tão rápido, que só nos conseguimos lembrar vagamente de luares dispersos e sem cor.

Tenho no peito uma mão cheia de coisas boas para dar e ninguém disponível para as receber.

Tenho no peito uma dor forte, por não saber receber uma mão cheia de coisas boas que alguém, algures tem para me dar.

"... e eu e tu
perdidos e sós..."

(Pedro Abrunhosa)

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