sábado, 31 de julho de 2010

Passo a minha vida a fugir...


Passo a minha vida a fugir. Não sei do que fujo. Mas que fujo, fujo. Fujo de fugir, fujo de abalar.

Às vezes fujo a correr, outras fujo a andar mais de vagar. Quantas vezes fujo, para que me tentem encontrar? Quantas vezes fujo, para me refugiar?

Sim fujo! Passo a minha vida a fugir. Fujo até de mim ou fujo quase sempre de mim. Fujo porque não me consigo ver, fujo porque não sei estar, fujo porque tenho medo, fujo … Fujo sempre e com muita força!

Fujo porque sim, fujo porque não! Fujo porque fujo, fujo porque não sei fazer outra coisa.

Fujo ainda por tudo, fujo também por nada, fujo para não me ver, fujo para não me ouvir, fujo para me afastar, mas tantas vezes fujo para me encontrar.

Sim fujo! Passo a minha vida a fugir...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Escreve-me...


O que fui eu encontrar ...

Escreve-Me…

Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d’açucenas!

Escreve-me! Há tanto, há tanto tempo
Que te não vejo, amor! Meu coração
Morreu já, e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d’oração!

“Amo-te!” Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d’amor e felicidade!

Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então… brandas… serenas…
Cinco pétalas roxas de saudade…

Florbela Espanca - O Livro D’Ele




quarta-feira, 28 de julho de 2010

E continua..


"...
- Vai ser bom sabes? Eu também vou olhar para as estrelas. E todas elas vão parecer poços com uma roldana enferrujada. Todas as estrela me vão dar de beber...
Eu continuava calado.
- Vai ser tão divertido!Tu vais ter quinhentos milhões de guizinhos e eu, quinhentos milhões de fontes...
E também ele se calou porque estava a chorar...
- É aqui... Deixa-me dar um passo sozinho.
E sentou-se, porque estava com medo.
...
- Pronto... É tudo...
Deu um passo. Eu, eu não cosegui sequer fazer um gesto.
..."
(Antoine de Saint-Eupéry O Principezinho)

terça-feira, 27 de julho de 2010

E hoje é assim...


"Ora ouve lá: essa história da serpente e de tu ires ter com ela e da estrela é tudo um sonho mau, não é?
Mas ele não respondeu à minha pergunta. Disse:
- O que é importante, não se vê...
- Pois não...
- É como com a flor. Quando se ama uma flor que está plantada numa estrela, é bom olhar para o céu, à noite. É que todas as estrelas ficam floridas...
- Pois ficam...
...
- Depois, à noite, pões-te a olhar para as estrelas. A minha é pequenina demais para se ver daqui. Mas é melhor assim: para ti, a minha estrela vai ser uma qualquer. Assim gostas de olhar para as estrelas todas... Todas elas serão tuas amigas. E agora vou dar-te uma prenda!
...
Tu, tu vais ter estrelas como mais ninguém..."
(Antoine de Saint-Eupéry O Principezinho)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Love's got a lot to Answer for




Love's got a lot to Answer for

Pull my coat around me
Feel the cold wind haunt me
Streets are empty just like me
The murmur of an echo
Seems to come from every window
Is loneliness the same as being free

I guess I must have been dreaming
To think that I believed in you at all
Now I just can't fight it
As the shadow of the night begins to fall

Love's got a lot to answer for
Oh I just can't sleep with
this feeling anymore
Let the cold night air cool the heat
Of two hearts gone to war
For no matter who wins, in the end
Love's got a lot to answer for

All I need is darkness
The best of all protection
Freedom's like the stars in the sky
Alone and cold and burning
Each one keeps it's distance
If only we were stars, you and I
Elton John

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Uns dias


A vida é mesmo assim.
Uns dias mais outros dias menos.
Hoje já não sei o que dizer, já não sei o que sentir, também já não sei como conseguir esperar, mas sei que devo respeitar.

Dificil


Difícil não é lutar por aquilo que se quer, e sim desistir daquilo que se mais ama.
Eu desisti. Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter mais condições de sofrer

Bob Marley

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Olhei para trás


Quando comecei a escrever este blog propus-me escrever as pequenas grandes coisas que marcam o meu dia-a-dia. Aquilo que vejo, que oiço, que cheiro, que sonho e muito mas muito importante tudo aquilo que sinto quando tudo isto me toca.

Assim tenho-me focado muito nos sentimentos.

Só que às vezes tenho a sensação que sinto sempre muito tudo e com sintomas muitos fortes e contraditórios, misturam-se todos e formam um bolo de grande intensidade que parece ser sempre mais do mesmo, exuberante!

Não é suave, não é indiferente, não é desapaixonado. Dependendo dos dias, das horas e das situações, passam por uma alegria desmedida ou por uma tristeza profunda, um peso pesado, uma pluma muito suave, uma desilusão excessiva ou uma surpresa imensa, um amor retido e pronto para sair ou um ódio obsessivo pronto para explodir, uma vontade grande de dar, e uma necessidade incalculável de receber.

Enfim, olhei para trás e vi que a minha vida vale a pena ser vivida e, tal como a passei e estou a passar. Tudo conta, tudo mexe, tudo é qualquer coisa…

Este texto devia ter sido escrito, num dia em que supostamente o blog fizesse anos ou por um motivo assim parecido. Mas foi hoje, porque foi hoje que assim senti. Talvez porque, verdade verdadinha, se está a aproximar a data da razão da sua existência.

Sim, existiu uma razão para a sua existência assim como existe uma razão para a sua permanência. Paixão! Uma tão diferente da outra e as duas tão iguais. Uma tão utópica outra tão ela própria e que alimenta todo um sentir. Qual delas vale mais? Pois nunca saberei! Não são dissociáveis, jamais. As duas juntas mostram bem o meu amor pelas coisas desta vida...

Senhora D. Sabe Tudo mais uma vez


Às vezes achamos que estamos a aprender, mas na realidade estamos a desaprender.

Hoje faz anos 30 anos que morreu Vinicius de Moraes. Isto é aprender!

Também é aprender que Vinicius foi um poeta e que escrevia coisas lindas, cantadas e declamadas e lidas e relidas e pensadas e sei lá mais o quê.

E no dia de hoje, houve alguém que me deu a conhecer (me ensinou), um texto escrito por ele. Por sinal cheio de coisas bonitas, como tantos outros que escreveu.

“Procura-se um amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive. “


Ora bem, isto ficaria por aqui se eu, há uns dias atrás, não tivesse passado por um poema, supostamente de Carlos Drummond de Andrade, que achei lindo e que por gostar tanto, espetei com orgulho num dos meus blogs!

E aqui vai ele:

"PRECISA-SE DE UM AMIGO
Não precisa ser homem, basta ser humano, ter sentimentos.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem imprescindível, que seja de segunda mão.
Não é preciso que seja puro, ou todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Pode já ter sido enganado (todos os amigos são enganados).
Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças e lastimar aquelas que não puderam nascer.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que todos levam consigo.
Tem que gostar de poesia, dos pássaros, do por do sol e do canto dos ventos.
E seu principal objectivo de ser o de ser amigo.
Precisa-se de um amigo que faça a vida valer a pena, não porque a vida é bela, mas por já se ter um amigo.
Precisa-se de um amigo que nos bata no ombro, sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo.
Precisa-se de um amigo para ter-se a consciência de que ainda se vive."


Resultado… Fico sem saber o que pensar!
Se alguém me conseguir explicar, quem é de quem e como e porquê, e o que é que se passa aqui? Eu agradecia.

Eu já sabia que não se pode acreditar em muitas coisas que se lêem na internet e que muitas coisas estão mal assinaladas e mal assinadas. Esta foi uma lição que eu aprendi desde logo que arranquei com o meu primeiro blog.

Deve-se pesquisar e perceber o que está certo e o que está errado, se possível recorrer aos próprios livros e documentação mais fidedigna. Mas, não deixo de ficar extremamente irritada quando me acontece acreditar. E pior do que isso, quando não vou poder tirar teimas tão cedo.

Tenho as minhas certezas e tenho as minhas duvidas, mas perante isto o melhor mesmo é ficar caladinha porque de Senhoras Donas Sabe Tudo está o mundo cheio e eu já sou uma delas.

Hoje vou dormir a pensar nisto...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Estou cansada...


Estou cansada, mas cansada de verdade…

Estou muito cansada de achar… o que se acha nunca é. Porque quando é, é. Não há dúvida!

Estou cansada do peso dos pensamentos, do barulho das palavras, dos olhares sem conteúdo, dos gestos sem alma. Cansada de ouvir, cansada de estar. Cansada de pretender ter, de querer ser. Estou mesmo muito cansada!

Dei-me conta que o meu lugar não é efectivamente o meu lugar, que eu tal como sou, não sou eu para quem me recebe. E que eu, tal como me via, também acabou de morrer.

Estou cansada...

A luz que hoje faltava...



domingo, 11 de julho de 2010

Mais uma noite sem Lua


E chegou o pronuncio da noite sem lua. Aquele vazio, um espaço escuro.

Escuro, tudo escuro, tão escuro que não se vê nada. Nada para ver, nada para descobrir, nada para ter ideias. Os caminhos também estão escuros, tão escuros que não se sabe por onde ir.

Sem se saber para onde se vai e sem invenções, fica difícil.

O que fazer, iluminar?

Não chega. Iluminando só se vê o que está ao pé dos pés. É curto…

Nada como esperar. Ah esperar...

Quem espera desespera! Mas por outro lado quem espera sempre alcança.

Alcançar, o quê?

Isto é outra conversa, ou mesmo desconversa pois nem sempre alcançamos o que queremos. Mas também nem sempre o que queremos é o melhor!

E o que é o melhor?

Pois é, não há respostas, há dias que é entregar.

Vai-se por onde der, fica-se se preciso for, faz-se o que houver, tem-se o que se tiver e dá-se o que se tem, mesmo sabendo que não há retorno. Pois ao contrário do que se diz por aí, nem sempre se recebe o que se dá. Esta já eu sabia. E tão bem!

Houve alguém que hoje me disse que a “vida não é pior por causa disso” e é verdade, é claro que não!

Continuando nestas minhas maravilhosas frases, que parece que encerram em si toda as verdades, temos a tal máxima que em frente é que é o caminho.

A verdade é que temos de erguer a cabecinha e avançar com confiança. Pois há males que vêm por bem e não há mal que sempre dure…

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Não há substituição…


Um dia ouvi e ouvi com muita atenção e encaixei:

"Há coisas que só nós podemos resolver”

E é verdade, há coisas que só nós podemos resolver, sozinhas, sem companhia, sem a atenção, sem o acompanhamento que gostaríamos de ter.

É duro, é frio, mas não há mesmo nada a fazer.

Porque por vezes, nada nem ninguém pode fazer diminuir a intensidade da dor que sentimos, na altura em que a sentimos, porque o que sentimos é na realidade a falta daquilo que não temos. Não há substituição…

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O que nos vai na alma


Tenho escrito sim. Tenho escrito o que me vai na alma e nem sempre o que nos vai na alma é passível de ser escrito ou melhor lido. Às vezes é trapalhão, é contraditório, é muito nosso. Outras vezes é sem palavras, é só assim. E quando é só assim não há maneira de explicar. Saem palavras soltas, pensamentos rápidos, inconstantes, variáveis, infiéis, muitas vezes nem a verdade são, outros que nos assustam de tanta verdade não pensada, não assumida. Mas ainda temos a versão: escrever como se tudo nos estivesse a passar ao lado, como se fossemos tão burras que não soubéssemos que um mais um são dois.

E por tudo isto hoje vou fingir que não escrevi.

Hoje não escrevi nem para mim.

sábado, 3 de julho de 2010

Amor


"Amor é processo lento,
não surge à primeira vista,
e está errado quem pensa
que não exige sofrimento,
horas de luta e conquista,
desprendimento e pertença,
tudo somado ou à vez,
com muitos laços, senões,
fartas dúvidas, porquês,
nós cegos, desilusões.
Mas também é alegria,
ternura desmesurada
e, que conste, não há nada
mais digno de ser poesia."

(Torquato da Luz)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Pablo Neruda


"Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.

Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor… "


(Pablo Neruda)