sábado, 24 de dezembro de 2011

Um Coração/Um Santo Natal


Um dia achei que o dia de Natal era para passar na companhia de todas as pessoas que eu mais gostava!
E, no dia em que isso não aconteceu o meu coração morreu um bocadinho e eu chorei até ser dia.
Alguém me ensinou então, que Natal é estar em sintonia de corações.
Agora sim,  sei e sinto que as pessoas de quem eu gosto estão no meu coração e por isso estão sempre comigo.
Assim, nestes dias mais festivos, em que preciso muito delas ao meu lado o meu pensamento encarrega-se de as chamar, e pronto. Já está!

A todas as pessoas que estão no meu coração, Um Santo Natal!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Se me esqueceres

Achei eu que o tinha publicado aqui, neste canto, onde publico tudo aquilo que gosto e que me vai na alma! Procurei, procurei, mas não o encontrei!
Este é daqueles que não pode mesmo deixar de aqui estar!

Se me esqueceres

"Quero que saibas
uma coisa.

Sabes como é:
se olho
a lua de cristal, o ramo vermelho
do lento outono à minha janela,
se toco
junto do lume
a impalpável cinza
ou o enrugado corpo da lenha,
tudo me leva para ti,
como se tudo o que existe,
aromas, luz, metais,
fosse pequenos barcos que navegam
até às tuas ilhas que me esperam.

Mas agora,
se pouco a pouco me deixas de amar
deixarei de te amar pouco a pouco.

Se de súbito
me esqueceres
não me procures,
porque já te terei esquecido.

Se julgas que é vasto e louco
o vento de bandeiras
que passa pela minha vida
e te resolves
a deixar-me na margem
do coração em que tenho raízes,
pensa
que nesse dia,
a essa hora
levantarei os braços
e as minhas raízes sairão
em busca de outra terra.

Porém
se todos os dias,
a toda a hora,
te sentes destinada a mim
com doçura implacável,
se todos os dias uma flor
uma flor te sobe aos lábios à minha procura,
ai meu amor, ai minha amada,
em mim todo esse fogo se repete,
em mim nada se apaga nem se esquece,
o meu amor alimenta-se do teu amor,
e enquanto viveres estará nos teus braços
sem sair dos meus."

Pablo Neruda, in "Poemas de Amor de Pablo Neruda"

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Coisas Roubadas



"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens."

(Fernando Pessoa)

domingo, 18 de dezembro de 2011

O passado dá-me o chão

Às vezes volto atrás no tempo para tentar perceber as coisas que me acontecem.

O passado dá-me o chão onde hoje eu piso e é lá que tantas vezes encontro as minhas respostas.

Mas coscuvilhar às vezes dói, faz saltar o que estava escondido, faz sobressair o que já lá vai, espelha-nos os sentimentos. Outras vezes, faz as coisas parecerem pequeninas, insignificantes, tira-lhes a dimensão.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A Culpa é da Cor


Foi da palavra cor, que tudo isto começou.
Às vezes começo a ler as coisas que escrevi e percebo que há ideias, palavras e frases que são recorrentes.

Porque será que ando sempre de volta dos mesmos assuntos, que tenho palavras preferidas e frases que repito vezes sem conta? 

Vendo à luz da razão consigo perceber que, em relação aos assuntos, eles vivem dentro de mim, são as minhas realidades, os meus medos, as minhas frentes de batalha, são tudo aquilo que me faz sentido ser e ter. 

Já no que diz respeito às palavras e frases... 

Pois... Pensei, pensei e cheguei a conclusão de que as uso porque geralmente revelam os meus sentimentos. Quantas vezes eles me saem em forma de cheiros e cores a pairar no ar, luzes e sombras que se cruzam, brilhos e arrepios que sobem por mim a cima em ondas de calor. O mar… o mar também me tira do sério, também ele na sua calma ou na sua desordem, define tanto do que vai dentro de mim.
Afinal, afinal são os sentidos a ditarem os sentimentos. É através deles que sentimos, é através deles que nascem as sensações e se formam as percepções.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Paixão

Gostei de ler este poema de Torquato da Luz porque me voltou a lembrar que:

"A vida é uma locomotiva que precisa de lenha para se mover.
E não há melhor lenha que a Paixão."
(Citação minha :))

"Toda a poesia é um recado
com destinatário
mais ou menos disfarçado.
Eu, desde que te vi,
dou-me ao ofício diário
de escrever para ti."

(posted by Torquato da Luz)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

É Verdade...


É verdade..
Ainda há palavras que não uso, sentimentos que escondo, vergonhas que não revelo. Ainda penso em vez de agir, ainda sondo antes de avançar, ainda tenho medos. Ainda coro, ainda faço de conta que não percebo, ainda não sei aceitar um não.

Eu gosto do Natal


Eu gosto do Natal.

Gosto do frio, dos cheiros, do ambiente alegre, das musicas, da lamechice, da família, dos amigos, de estar, de conversar, de poder rir até não poder mais, de férias, de ver filmes no quentinho da lareira, de ler um bom livro, de estar à vontade sem cerimónias e sem me importar se me estou a portar bem ou mal. Gosto e pronto.

Mas cada vez gosto menos da falta que algumas pessoas fazem nestas datas, porque quer se queira quer se não queira é nestas alturas que nos lembramos de quem mais gostamos e nos damos conta que passou mais um ano sem a sua presença ou sem se estar o tanto que precisaríamos.

Para além disso começamos a ter a consciência de que os dias não têm as horas que precisamos, de que não conseguimos chegar a tudo o que queremos e que não temos mãos a medir para tantos projectos. Começa a surgir um sentimento de impotência muito grande, às vezes até tristeza.

Época mais nostálgica, esta!

Tal como me preparo com tempo para combater o inverno tenho de me começar a preparar para combater este mês de Dezembro. É preciso fortalecer a alma para nos entregarmos ao que conseguimos fazer e preparar o espírito para aceitar tudo aquilo a que não conseguimos chegar.

Em modo de preparação…

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Déjà vu!



Déjà vu!
Por momentos achei que o sofrimento me tinha caído aos pés de novo. 
Por momentos revivi! 
Por momentos a dor foi aguda!  
Pára tudo! Não, quero isto para mim!
Até sacudi a cabeça em sinal de chega para lá!
Há coisas que não vou querer sentir nunca mais na vida!
Chega o que doeu a cada minuto, chega o tempo que levou em ferida aberta. 
Agora não...
É tempo de contornar, de voltar a ver cor.
Só que não basta querer!
Existir e ser o que sou, é por si só o risco de voltar a sentir! 
Apagar! Fechar os olhos! Fechar-me dentro de mim! 
Tudo serve para não deixar entrar de novo tanta agonia!

Um Poema Pequenino

Dentro de mim choro
Não a tua morte
Que não morreste em mim
Mas a morte de mim em ti
(Sum)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Silêncio


Silêncio…
Hoje o silêncio invade-me, como o nevoeiro invade a terra. Cinzento, sombrio e frio.

Amanhã poderá ter outro brilho e nascer como o sol. Meigo, confiante e seguro.

Numas situações o silêncio dita harmonia noutras vinga-se e trás o desassossego.

Mas Silêncio é sempre silêncio e é nele que me vejo todos os dias.

É em silêncio que me ajoelho e rezo porque é em silêncio que descubro Deus em mim.

É em silêncio que trabalho porque é nele que encontro a paz para me concentrar nos afazeres do meu raciocínio.

É em silêncio que oiço musica porque só assim consigo ouvir as notas baterem-me na alma e percorrerem todo o meu corpo.

É em silêncio que amo porque é nele que os meus sentidos despertam, porque é nele que tenho a confirmação de todos os sentimentos dos que me rodeiam.

É em silêncio que faço amor, porque só nele consigo sentir todos os meus poros, só nele consigo deixar entrar, muito devagar, aquele calor que me faz esquecer de mim tal como sou e me transforma num ser pleno de desejo.

É ainda em silêncio,
num abraço de paz, que tudo culmina , numa comunhão de sentimentos como não há igual em todo o mundo.

É em Silêncio…

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Nascer, Pensar e Morrer


“Há certo gosto em pensar sozinho. É acto individual, como nascer e morrer.” 
Carlos Drummond de Andrade

Não é só pensar, nascer e morrer. Em tudo na vida estamos sozinhos. Podemos eventualmente partilhar experiencias e desta forma sentir que as dividimos. Não sendo o certo é a percepção e as percepções, muitas vezes, têm o dom de nos aliviar.
Mas não nos devemos esquecer nunca. O nosso caminho só a nós nos pertence. Ele é construído por cada passo que damos, cada flor que apanhamos, para cada lado que olhamos. Em cada momento temos o sol e lua...  A luz ou a sombra...

Talvez...


Olho para mim e sinto que perdi a coragem de estar aqui, parece que a minha vida deixou de se encaixar nas palavras. Os pensamentos ficaram presos, os sonhos suspensos.
Talvez um dia, quem sabe amanha, as letras não se juntem novamente e se soltem claras, transparentes e puras como já foram. Talvez apareçam assim do nada, sem que me aperceba. Talvez...

sábado, 12 de novembro de 2011

Hoje


Que saudades que eu já tinha do meu cantinho! Tenho andado com vontade de escrever, de me entender com ele depois deste tempo todo, mas não tenho tido inspiração para as letras, ou melhor, nada que seja merecedor de uma reentrada à maneira.

É que, parecendo que não, já tenho uma certa obrigação para comigo mesmo e sinto-a bem pesada nos meus ombros.
Falta de habito? Sim, pode ser! 

O facto é que tenho expectativas! Tantas, que não estou a conseguir superar-las.

Por isso pensei e cheguei à conclusão de que mesmo sem estar com grandes inspirações e grandes feitos o que interessa é fazer e, todos nós sabemos que às vezes só custa mesmo começar!

Por isso lá vai e com um poema meu, já escrito há um tempo muito a medo.


Hoje
 
Hoje precisaste de mim,
Precisaste de uma mãe.
Hoje sei que precisaste,
De quem te quer bem.

Ouvi-te chamar,
Mas não te consegui responder,
Porque hoje sou berma e não caminho,
Corro ao teu lado, já não te guio.

Hoje, olho para ti,
E gosto de ti como ontem.
Hoje, sei respirar o tempo,
E arrancar o perfume de cada momento.

Hoje, oiço-te como sempre.
Abraço-te, mas não te prendo.
Hoje, dou-te a mão, dou-te o tempo,
Dou-te a força do vento.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Sobre o Silêncio


E quando se acha que se aprendeu tudo sobre o "Silêncio" eis que aparece aquilo que nunca se estaria à espera. Há muito tempo que não lia nada tão bonito.

"Antes de partir, ficávamos junto uns dos outros, por uns instantes, em puro silêncio. E depois despedíamo-nos de um modo leve, quase alegre, como se não nos fossemos realmente ausentar. Aqueles instantes de silêncio, porém, tinham atado os nossos corações com uma força que raras palavras teriam. Quando nas despedidas da vida nos parece que ficou, inevitavelmente, alguma coisa ou quase tudo por dizer, é bom pensar naquilo que o silêncio disse, ao longo do tempo, de coração a coração. Talvez o que de mais significativo somos capazes de partilhar não encontra no mundo linguagem melhor do que o silêncio." 

(José Tolentino Mendonça In Diário de Notícias da Madeira)

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Coisas que gosto


Com Fúria e Raiva  

"Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras

Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiada

De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse

Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra"

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Coisas que gosto


"Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa."
*
(Estou cansado - Álvaro de Campos)

Pode-se sonhar?

E porque o sonho é tudo... e sorrir vale tanto quanto viver...

"Já que se há de escrever, que pelo menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas."
(Clarice Lispector)

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Gritar


Posso gritar?!

"Porque há o direito ao grito.
então eu grito."

(Clarice Lispector)

Um livro para se ler até ao fim

Um livro para se ler até ao fim.

Não chega ser um livro aberto e muito menos escrever nele cada passo. Um livro, para ser interessante e ser lido até ao fim, tem de ter suspense, tem de ter uma historia amarga, tem de ter um enredo cheio de requintes de malvadez. Um livro para ser lido até ao fim precisa de ser escrito com cabeça, nunca com o coração. Eu não vou saber nunca escrever um livro que seja lido até ao fim.

Coisas da Vida


Quero tanto acreditar, que subo, subo até mais não poder.
Eis se não quando um dos degraus me falha e eu caio. Caio de tão alto que os estragos são grandes e dolorosos.
Queixo-me da dor, mas é bem feito, ninguém me mandou subir.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

ISSO É MUITA SABEDORIA


E hoje...

"Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer."
Clarice Lispector

sábado, 6 de agosto de 2011

Dia de Festa


Tentar dar volta à questão foi o que fizemos hoje. Em vez de chorar, rimo-nos, em vez de pesar, festejamos, em vez de nos isolar, juntamo-nos. E foi em ambiente de risos e gargalhadas, cantorias e comezainas que festejámos todos juntos este dia, tentando preencher de alguma forma o vazio que se instalou à 8 anos atrás.

“Uma árvore em flor fica despida no outono. A beleza transforma-se em feiura, a juventude em velhice e o erro em virtude. Nada fica sempre igual e nada existe realmente. Portanto, as aparências e o vazio existem simultaneamente.”
(Dalai Lama)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Coisas do Coração


A Alma vai-se abrindo para o mundo sempre que alguém diz que “gosta” ou avança com um “sim”. Às vezes basta só um “gosto” para que a porta se abra e a alma se espelhe. Mas esse, tem de vir da pessoa certa para a coisa certa. Na generalidade não basta um, não bastam dois, não bastam três... Têm de ser muitos para podermos acreditar. Ouvir “sins” e “gostos” vicia. Quando se tem um, quer-se outro e mais outro e assim por diante. Os “sins” mimam, os “gostos” animam e o mimo e o ânimo dão azo ao capricho.

Quando se diz que se gosta ou não gosta é sinal de atenção e todos nós precisamos de atenção. Uns mais do que outros, é um facto. Mas que precisamos, precisamos e assim, grande parte do nosso tempo é usada para chamar a atenção e ter mimo de quem está ao nosso lado ou ao nosso alcance.

Faz parte do dar, receber assim como faz parte do receber, dar. Leia-se o que está escrito. Receber e dar têm de ser recíprocos, não têm de ser na mesma altura. Há alturas próprias para umas e para outras. Dai o capricho ter sido metido ao barulho. Às vezes queremos demais. Deixar os “gostos” e os “sins” chegarem e entrarem e dá-los de volta na altura certa e é uma ciência exacta e exige sabedoria. Mas é aqui que a porca torce o rabo, porque não é a razão que manda é o coração e só é bem aceite se vier do fundo dele. A ciência está em saber ler o que vem do coração.

Dai a célebre frase de Antoine de Saint-Exupéry “só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.”

Viver é sentir. Saber viver é aprender a retirar dos sentidos aquilo que nos faz bem e muitas vezes o que nos faz bem é ver e fazer os outros felizes porque são eles também que nos fazem felizes. É o nosso contraponto.

E posso dar voltas e mais voltas e andar em pescadinha de rabo na boca que por mais voltas que se dê, vai-se sempre para ao mesmo lugar. O coração.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Hoje



Hoje
Hoje precisaste de mim,
Precisaste de uma mãe
Hoje sei que precisaste
De quem te quer bem.

Ouvi-te chamar,
Não te consegui responder,
Porque hoje sou berma e não caminho
Corro ao teu lado,
Já não te guio.

Hoje, olho para ti
E gosto de ti como ontem,
Hoje sei respirar o tempo,
Arrancar o perfume de cada momento.

Hoje oiço-te como sempre.
Abraço-te mas não te prendo.
Dou-te a mão, dou-te o tempo,
Dou-te a força do vento.

sábado, 11 de junho de 2011

Faz-tudo de Circo pobre


Sinto-me uma verdadeira faz tudo de circo pobre.

Criança que sobe às arvores para apanhar a fruta.

Adolescente que não pensa e come animadamente a fruta ainda quente do sol.

Mulher de meia-idade – Oh! Como fui eu aqui chegar? – Digo eu do topo da árvore.

Mulher adulta responsável que pensa, e muito bem, há que dividir para não estragar.

Mulher Avó, de cabelo branco, paciente e sábia que enche a casa com aqueles cheiros deliciosamente enjoativos e que sabe os preceitos de cada receita caseira de “como aproveitar ameixas” .

Amanha será um novo dia, e talvez a minha casa se encha desse cheiro maravilhoso… Até lá...

(Pensamento de Mulher já feita e direita, com idade para ter juízo e que sobe as árvores para não deixar que umas ameixas lindas e saborosas se estraguem)

Crumble de ameixas pretas frescas

para o recheio:
• 1 kg de ameixas (com pêssegos o resultado deve ser parecido, mas a ameixa dá um travo agridoce que fica óptimo)
• 30 gr de manteiga sem sal, em pedacinhos

• açúcar amarelo ou mascavado (2 a 4 colheres de sopa, depende do gosto de cada um)
• 1 colher de sopa de maizena

para o crumble propriamente dito:
• 150 gr de manteiga sem sal fria, aos cubos
• 250 gr de farinha para bolos (já com fermento)
• 150 gr de açúcar
• 200 gr de nozes, picadas grosseiramente
1. Ligar o forno a 190º.
2. Untar um pirex ou tarteira com manteiga.
3. Cortar as ameixas ao meio, retirar o caroço e colocar no pirex viradas para cima. Colocar a manteiga por cima e polvilhar com o açúcar amarelo.
4. Colocar no forno, durante 20 minutos.
5. Entretanto, picar as nozes, vel. 5, 3 ou 4 segundos. Reservar.
6. Juntar a farinha, manteiga e açúcar, vel. 5, 15 segundos. Juntar as nozes.
7. Numa tigela pequena, dissolver a colher de maizena com uma colher de água fria. Deitar o molho que se formou das ameixas nesta tigela e misturar, com cuidado, porque está muito quente. Voltar a deitar esta mistura por cima das ameixas.
8. Por cima, espalhar a massa, pressionando com cuidado.
9. Volta ao forno mais 25 minutos ou até começar a ficar dourado.
10. É óptimo com chantilly, gelado de natas ou de baunilha, queijo mascarpone com um bocadinho de açúcar e limão, iogurte grego...

domingo, 5 de junho de 2011

Exemplos


Um exemplo é como que um ensinamento é algo que admiramos, que acreditamos e que de alguma forma tentamos seguir ou copiar.

Sempre achei que copiando se aprendia mas toda a vida tive medo de copiar porque sempre me disseram que copiar e plagiar era muito feio.

Hoje, crescida e a pensar pela minha cabeça, continuo a achar que copiar é bom se o exemplo for bom e se com isso aprendermos alguma coisa. Claro está, que sempre conscientes de que o mérito não é nosso.

Em tempos que já lá vão, os aprendizes aprendiam com os seus mestres. Copiavam.

Aprendiam os métodos, as técnicas, os preceitos, os tempos, os modos e finalmente chegavam à frente da rampa de lançamento e iam à sua vida. Uns experimentavam e inovavam, outros aplicavam os conhecimentos e eram tão bons quanto os seus mestres e outros eram só charlatães.

Hoje já longe deste método, continuamos tão perto. É assim que ainda funcionamos como família. É nela que aprendemos os limites, os valores, a maneira de estar na vida, o respeito. É nela que aprendemos a ser, é nela que colhemos as nossas bases.

Por isso continuo a acreditar que copiando aprendemos. Acredito ainda que, assim como seguimos e copiamos outras coisas e outras pessoas vai haver ou há alguém que nos segue e copia. Como tal devemos fazer aquilo que copiamos muito bem.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Já ri e já chorei.




Hoje já ri e já chorei.

Os meus pensamentos vagueiam ao sabor dos estímulos que encontram. Os encadeamentos processam-se e desencadeiam associações de ideias e sentimentos que voam à velocidade da luz. Os estímulos ora são verdes, ora cheiram a terra molhada, ora são luz, ora pessoas a passar, conversas tidas, situações passadas, palavras perdidas, passarinhos a cantar ou simplesmente nada e do nada vem qualquer coisa e do qualquer coisa vem o nada e os pensamentos andam errantes de um lado para o outro, como um barco no meio de uma tempestade, fazendo o nosso momento.

Este momento é sentido, tem uma cor, um cheiro, um tacto, um sabor e tem ainda uma temperatura e um som e é este conjunto de sentidos que guardamos e registamos.

Já tentei perceber como é que se vive o aqui e agora sem sonhar com o futuro ou ir passear ao passado mas chego sempre à conclusão de que o que sinto é sempre em relação a qualquer coisa que já vivi. É a referência que fica, como uma semente que foi lançada e que fica latente até novo estímulo.

Assim, há estímulos que se repetem e quando se repetem reavivam em nós todos os momentos que vivemos e nele revivemos o passado como se tivesse sido hoje e, no hoje, vamos acrescentando mais uns pós que mais tarde se hão-de repetir novamente um bocadinho mais ricos e assim sucessivamente. Acontece que há uns momentos tão marcantes que se tornam presentes a toda a hora deixando em nós raízes profundas.

Hoje chorei a saudade de momentos vividos, senti a nostalgia dos gestos perdidos, ri-me das asneiras feitas e das piadas repetidas, tive pena do que nunca vivi mas saboreei cada minuto que tive, cada lágrima que caiu e cada sorriso que me escapou.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Muita sabedoria - Não fazer mais nada.




Há palavras que nos desarmam. Há textos que nos guiam.


Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer."

Clarice Lispector