quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

E quando a luz se apaga!


Fiquei pasmada a olhar para a crónica de António Lobo Antunes (Visão) da semana passada.

Por varias razões:

A primeira, não necessariamente a mais importante, foi um texto que comecei a escrever, há meses por causa de uma frase que ouvi e que me ficou a bailar na cabeça. Essa frase, não me larga, tal e qual “Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar?” não largam António Lobo Antunes.

A segunda foi a sensação que a frase provocou: “… Gostava de usá-los como título de um livro: tocaram não sei onde, no mais fundo de mim, e eu comovido como tudo, com lágrimas dentro. Porquê? Vou repeti-los mais uma vez dado que não cessam de perseguir-me: Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar?”

Claro está que a frase que me “tocou não sei onde, no mais fundo de mim” não tem a profundidade da que tocou em ALA. E claro está também, que tudo o que escrevi a tentar descrever o que me saltava da alma, parece ridiculamente estúpido, despropositado, mal escrito, mal descrito comparado com a simplicidade e beleza com que ALA espelha o seu sentimento.

Sentimento este em tudo semelhante aquele que eu senti, quando li a minha frase pela primeira vez.

Assim, comparar mesmo, só o facto de haver uma frase que não nos larga e o sentimento que ela provoca em nós.

O que escrevi então, mais propriamente em Novembro passado foi:

E quando a luz se apaga!

Já não sei onde li, mas li. E ficou a badalar na minha cabeça.

Escrevi-a, alguns dias depois, num papel de supermercado para não me esquecer. E continuou a ir e a vir nos meus pensamentos, até que resolvi ver o porquê de tanto chocalhar. Olhei para a frase escrita naquele papel, virei e revirei. Tentei fechar os olhos e ver o que aquelas letras todas juntas me faziam sentir de tão especial.

Tudo e Nada… Fazem-me sentir tudo e não me dizem nada.

Mais dias passaram e a frase continuava a bailar à frente dos meus olhos, a ecoar nos meus ouvidos, na minha cabeça, como uma letra de uma música quando fica no ouvido.

E quando a luz se apaga!

Resolvi mais uma vez pensar nela e tentar desmistificar o seu sentido.

E Quando a luz se apaga!

Quando se pensa na vida. Quando se perde o objectivo de vida. Quando se morre. Quando se desliga o interruptor …
E quanto mais tempo tiver para pensar mais significados se pode arranjar. Questão de tempo e de imaginação.

Enquanto uns não têm historia outros há, que se podia passar a vida inteira a falar sobre.
E para não variar o sentido que mais me chama e se ri para mim é “Quando se pensa na vida”.

Oh! Quanta criatividade… Shsss! Silêncio, para tudo… Até eu fiquei espantada comigo própria. É
muito bom, muito bom mesmo…

Começo a achar que “pensar na vida” é o meu castigo. (Ou a minha recompensa!)
De facto, é o que me faz mover, é a minha energia, é a minha vontade. Mas também é a minha cruz, o meu tormento. Ora me aproxima, ora me afasta, ora me dá, ora me tira. É sem dúvida o que me agita, o que me sacode.

Há quem lhe chame “inquietudes”, palavra bonita cheia de charme e filosofia, e quem, como eu, lhe dê o nome de “coisas da vida”, frase sem sentido que quer dizer tudo e não quer dizer nada, hoje umas coisas, amanha outras.

E…

Ele há dias e dias

Há dias que, quando a luz se apaga, tudo se apaga e há dias que se reacende dentro de nós tudo o que há de bom.

É engraçado ver e constatar que a mesma acção pode provocar reacções tão diferentes.

Por vezes acende-se uma chama, por vezes tanta coisa se apaga, por vezes tudo se ilumina e o sol entra a jorros aquecendo a alma, por vezes entra o frio que nos tolhe os movimentos.

Tudo isto depende da situação, da conjuntura, da intensidade de luz e da cor que está dentro de nós.

Apaga-se a luz, apaga-se o dia e logo outro dia recomeça e outra luz brilha.

Não fosse a coincidência (se é que elas existem) de eu também ter uma frase que não “me larga” e que me tocou “…não sei onde, no mais fundo de mim...” Provavelmente este texto nunca teria saído da pastas dos estudos de tão mau que é.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Dar e Receber

Como é que é possível.

Ao fim destes anos todos, ainda há dias que passam e eu não me consigo reconhecer.

Nunca fui nem quero ser aparências. Sou o que sou e valho o que valho.

Sempre fui um livro meio aberto mesmo sabendo que não se deve dar tudo o que se tem.

Nunca tive medo de dar.

Sempre tive, isso sim, medo de receber.

Hoje vi-me diferente. Hoje senti-me também com medo de dar. Com medo de me mostrar.

Não, se calhar já não é medo já é frustração mesmo. Ou melhor um misto das duas.

Frustração por ter feito força para receber sem medo e ter perdido.

Frustração por não me ter sabido ouvir e sentir, por não me ter guiado pelos meus instintos.

Frustração por ter sido enganada pela minha vontade de tanto querer.

Frustração por não ter sequer como me mostrar a quem, com tanto carinho me entreguei de alma.

Frustração por não ter hipóteses de me poder dar a conhecer tal e qual sou, por não poder dar aquela parte de mim que eu sei que vale.

Frustração por não conseguir fazer-me entender, por não poder ser verdadeiramente verdadeira.

Frustração por não ter sabido escolher quem me soubesse receber, quem me soubesse ouvir, quem me soubesse sentir, quem me soubesse achar.

Frustração por não ter coragem para enfrentar quem não quer saber, quem não se quer dar, quem tem medo de se mostrar.





(Arrepiou, obrigada Pedro Rapoula, mais uma vez)

É Isso Aí

Gostei.
Não sei porque gostei, mas gostei.
Nem sempre se tem de saber os porquês.
Ás vezes eles não existem racionalmente.
e " O Coração tem razões que a própria razão desconhece".

Simples, "É isso aí".


"É isso aí
Como a gente achou que ia ser
A vida tão simples é boa
Quase sempre

É isso aí
Os passos vão pelas ruas
Ninguém reparou na lua
A vida sempre continua

Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não sei parar
De te olhar

É isso aí
Há quem acredita em milagres
Há quem cometa maldades
Há quem não saiba dizer a verdade

É isso aí
Um vendedor de flores
Ensina seus filhos
A escolher seus amores

Eu não sei parar de te olhar
Não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar
De olhar"

Ana Carolina e Seu Jorge/É Isso Aí

http://www.youtube.com/watch?v=CjmLI0VyLmM


sábado, 26 de janeiro de 2008

É Bom Ter Companhia


É bom ver que há pensamentos que não diferem muitos dos nossos.

É bom ver que há sentimentos tão parecidos.

É bom ver como é que as pessoas reagem ao dia a dia.

É bom ver como existem pensamentos tão diferentes dos nossos.

É bom perceber que há tanta coisa à nossa volta.

É bom ver novos e possíveis caminhos a seguir.

Vamos descobrindo pequenos mundos, pequenos núcleos de interesses, e vamo-nos identificando mais com uns de que com outros.

Seguimo-nos mais por uns do que por outros.

Tomamos como exemplos aqueles que vão mais de acordo com o que achamos que deveria ser a nossa maneira de ser.

Bebemos ideias, inspiramos pensamentos, chocalhamos o nosso imaginário, reflectimos, conhecemos, aprendemos, amadurecemos o nosso espírito, alimentamos a nossa alma.

Tudo isto neste mundo louco da internet e principalmente no dos Blogs.

Claro que não substitui o café da manha, um bom livro, um bom filme, uma boa conversa, um bom passeio, um bom jantar convívio, uma bela de uma saída à noite, um bom ataque de riso.

Claro que não substitui um final de tarde na praia num dia de inverno cheio de sol, uma imperial fresquinha e uma boa companhia.

Claro que não substitui um momento, uma gargalhada, uma lágrima, um soluço,

Claro que não substitui as estações do ano, a chuva, o mar e o sol.

Mas é certo que é uma companhia grande nesta solidão imensa do dia-a-dia.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A Beleza nas Coisas


"A beleza nas coisas existe apenas na mente que as contempla."

David Hume


E conseguir ver "a beleza nas coisas" é um dom da "mente que as contempla".

Não é para todos.

Eterno

"Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força consegue destruir."

Carlos Drummond de Andrade

E vou descobrindo os excertos de Carlos Drummond de Andrade.

Estão espalhados por toda a Blogosfera. Eles tocam na alma de quem os lê.

São bonitos, têm uma vida por trás e espelham a nossa vida. Uma vida.

Retratam sentimentos comuns com uma simplicidade brutal, com uma beleza fora do normal e com uma certeza esmagadora e de certa forma carnal, sentida na pele com toda a intensidade.

Posso estar a dizer, assim, uma daquelas enormidades, mas é de facto aquilo que me sai quando o leio.


E para terminar, sinto que não o senti sozinha, outro alguém já o sentiu antes de mim e isso conforta.
Penso que alguém já o tinha pensado e fico contente por esse alguém me conseguir mostrar por palavras tudo aquilo que penso e sinto.

Faz-me sentir menos sozinha.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Riqueza


Já dizia Epicuro, esse grande e velho filósofo grego que “O que constitui a nossa riqueza não é o que possuímos, mas sim o que apreciamos.”

Atrevo-me a ir um pouco mais longe, não é só o que apreciamos que nos enriquece são também as nossas experiencias de vida.


É a maneira como enfrentamos e resolvemos os nossos problemas, é a maneira como aplicamos os ensinamentos que a vida nos proporciona.

Somos ricos quando deixamos que a vida nos enriqueça.

Somos ricos quando temos tesouros dentro de nós e os sabemos espalhar e partilhar.


Desculpa-me


Quando li este post achei genial, como em tão poucas palavras ele diz tudo o que eu gostaria de dizer, tudo aquilo que penso.


«DESCULPA (em sentido figurado)
Não gosto que me peçam desculpas, nunca gostei. Prefiro que se dêem ao trabalho de não repetirem os mesmos erros, as mesmas faltas, os mesmos delitos de sempre. Por isso mesmo, nunca peço desculpa. Desculpa-me, pois, que não te peça desculpa por não aceitar o teu pedido de desculpas.»

Insónia, do Henrique Fialho (23/8).

E mais, fez-me lembrar uma “coisa da vida” passada há já algum tempo atrás em trabalho. Houve qualquer coisa que correu menos bem e eu, muito rapidamente pedi desculpa.
E o Cliente, neste caso a, disse com um ar repreensivo:
- Desculpa… de quê? Nunca se deve pedir desculpa de se estar a tentar fazer as coisas o melhor que se pode. O facto de alguma coisa correr menos bem não implica que tudo tenha corrido mal. Pelo contrário, é da maneira que se consegue ver o bem por comparação. Para além disso, quando pedes desculpa estás a dar a pala de que as coisas não estão bem-feitas e que poderias fazer melhor. O que também não é o caso, pois não? E mais só não acontece a quem não o faz.

Engoli em seco e tentei nunca mais pedir desculpas por existir.
De facto senti o que ela me estava a dizer.


Assim eu diria:
- Desculpa-me, pois, que não te peça desculpa por qualquer coisa, que possa ter feito de mal sem dar por isso.
- Desculpa-me, pois, que não te peça desculpa por qualquer mal entendido que possa ter havido.
- Desculpa-me, pois, que não te peça desculpa por não ter coragem de te confrontar e de te perguntar o porquê de tudo, o que eu sei, que estamos a passar.
- Desculpa-me, pois, que não te peça desculpa por te pedir, claro que por cobardia minha, que me confrontes e me digas o que está mal. Que converses comigo sobre todos os assuntos que nos prendem a razão e que de alguma forma nos magoam a existência.
Não faças como eu, não deixes de falar, não tentes ignorar a situação, não me ignores. Tira do ar esta sensação estranha de que tudo está mal.

- Desculpa-me, pois, que não te peça desculpa...

domingo, 20 de janeiro de 2008

Como aliviar a dor do que não foi vivido?


“…Como aliviar a dor do que não foi vivido?

resposta é simples como um verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!! ... “

Carlos Drummond de Andrade

Te Amo


"Te amo
Te amo de una manera inexplicable.
De una forma inconfesable.
De un modo contradictorio.
Te amo
Con mis estados de ánimo que son muchos,
y cambian de humor continuamente.
Por lo que ya sabes,
El tiempo.
La vida.
La muerte.

Te amo
con el mundo que no entiendo.
Con la gente que no comprende.
Con la ambivalencia de mi alma.
Con la incoherencia de mis actos,
Con la fatalidad del destino.
Con la conspiración del deseo.
Con la ambigüedad de los hechos.
Aún cuando te digo que no te amo, te amo.
Hasta cuando te engaño, no te engaño.
En el fondo, llevo a cabo un plan,
para amarte... mejor.
Pues, aunque no lo creas, mi piel
extraña enormemente
la ausencia de tu piel.

Te amo.
Sin reflexionar, inconscientemente,
irresponsablemente,
espontáneamente,
involuntariamente,
por instinto,
por impulso,
irracionalmente.
En efecto no tengo argumentos lógicos,
ni siquiera improvisados
para fundamentar este amor que siento por ti,
que surgió misteriosamente de la nada,
que no ha resuelto mágicamente nada,
y que milagrosamente, de a poco, con poco y nada
ha mejorado lo peor de mi.

Te amo.
Te amo con un cuerpo que no piensa,
con un corazón que no razona,
con una cabeza que no coordina.
Te amo
incomprensiblemente.
Sin preguntarme, por qué te amo.
Sin importarme por qué te amo.
Sin cuestionarme por qué te amo.
Te amo
sencillamente porque te amo.
Yo mismo no se por qué te amo. "


Gian Franco Pagliaro

Momento II

"A amizade duplica as alegrias e divide as tristezas"

Francis Bacon

Li Coisas Lindas


Tenho lido coisas muito bonitas.

Coisas lindas.

Li, algures, que a boa poesia é aquela que parece escrita para nós.

Boa poesia é aquela que se encaixa nos nossos pedaços de vida, que nos envolve que nos faz reviver e sentir as nossas “coisas da vida”, aquelas tantas já vividas…

Tenho pena de não as poder transcrever todas, para as poder partilhar.

Tenho pena de não poder dizer a quem de direito, que bem que me sabe lê-las e que admiro quem, com simples palavras me consegue tocar na alma e o quanto me sinto agradecida por isso.

Tenho pena de ser uma nódoa a escrever, e de não poder retribuir outras tantas coisas bonitas. Parece-me que já disse isto dois milhões e meio de vezes (alivia-me o espírito), mas continuo a ter pena.


Escrever é uma boa maneira de comunicar.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Momento


Ui...

Não era suposto esta música agora…

E as lágrimas desceram.
Não foram de tristeza.

Ele há músicas e músicas.

Aquelas que se podem ouvir a qualquer altura e as que só se podem ouvir sozinhas.

Aquelas que se conseguem ouvir alto e aquelas que até baixinho nos arranham os sentidos.

Aquelas que nos dizem tanta coisa e aquelas que nada cantam.

As que nos tocam na alma e as que passam por nós sem produzir qualquer efeito.

Ele há melodias e ele há letras. Por vezes o que nos toca são as letras e por outras a melodia.

Ele há momentos e momentos. E muitos destes acontecem quando há um casamento perfeito entre a melodia e a letra.

São experiências intensas e sublimes.


domingo, 13 de janeiro de 2008

Certas Coisas

"Certas palavras podem dizer muitas coisas;

Certos olhares podem valer mais do que mil palavras;

Certos momentos nos fazem esquecer que existe um mundo lá fora;

Certos gestos, parecem sinais guiando-nos pelo caminho;

Certos toques parecem estremecer todo nosso coração;

Certos detalhes nos dão certeza de que existem pessoas especiais,

assim como você que deixarão belas lembranças para todo o sempre..."

Vinícius de Moraes

Desejo a Vocês


DESEJOS

"Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crónica de Ruben Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu."


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Perdeu-se o Encanto




Perdeu-se o Encanto,

Alguém o deixou cair. E eu senti. Senti um vazio imenso.

Esmoreceu. Porque será que estas coisas acontecem de um dia para o outro, ou melhor de um momento para o outro. Não sei, parece-me também que isso não é o importante.

Não era paixão, não era amor, também não era uma simples amizade. Era um encanto.

Um encanto tão especial que começou do nada e acabou do nada

Enquanto pairava no ar fez-me sonhar, sonhar com o dia, sonhar com a noite, sonhar com todas as coisas bonitas que me rodeiam.

Fez-me ver outra vez o verde mais verde, as folhas a cair, o cão que passa na rua, fez-me ouvir outra vez o apito do comboio, o farol do nevoeiro, fez-me sentir outra vez o cheiro da terra molhada, o cheiro do mar a bater nas rochas. Fez-me ter outra vez todos os sentidos alerta, fez-me estar atenta e presente, numa vida há tanto esquecida, perdida num quotidiano rotineiro.

Fez-me sentir leve, sentir feliz, sentir que dentro de mim ainda há uma luz. Uma luz que ainda ilumina.

Fez-me acordar de manha e cantar bem alto para todo o mundo ouvir, fez-me sentir única. Foi muito bom. Senti bem fundo de mim. Tudo foi bonito, existiu, não foi um sonho.

Perdeu-se um encanto, ganhou-se uma experiencia bonita.




(Encantamento) by Cap

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Dias que Passam


Hoje estou num dia passivo

Num dia em as coisas não me tocam por ai alem.

Em que arregaço as mangas e entro na rotina sem grande esforço.

Num dia em que não me sinto nem bonita nem feia, nem carne nem peixe, nem bem nem mal.

Avanço sem perguntar porquê, sem precisar de aval, sem pedir consentimentos.

Nestes dias, o que arrisco não é grande coisa. Também não ganho quase nada.

São dias passivos, apáticos, inertes.

São dias sem graça, sem vida, sem charme.

São dias que passam, são horas que vão.

Perde-se o tempo no tempo e eu já não tenho tempo para perder desta forma. O tempo não perdoa o passar do tempo.

E o problema fica resolvido quando se dá conta, como hoje, de que estes dias acontecem e que amanha não pode voltar a ser assim. Mas isto é… quando se dá conta.

Como sair?

Pensando coisas muito boas. Vendo coisas muito boas. Lendo coisas muito boas. Seguindo coisas muito boas. Fazendo coisas muito boas.

Coisas!

Coisas da Vida…

No Silêncio de Um Olhar



"As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar."



(Leonardo da Vinci)

Amar


"Ame profunda e passionalmente. Você pode se machucar, mas é a única forma de viver o amor completamente."

(Dalai Lama)

O Dia Certo


"Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. O ontem e o amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver. "

(Dalai Lama)

sábado, 5 de janeiro de 2008

Uffffa…


Finalmente passaram estas datas tão importantes.

Este ano pela primeira vez, dei-me ao trabalho de vasculhar dentro de mim e tentar traduzir em palavras a verdadeira relação entre as minhas reacções comportamentais, sentimentos e emoções e os dias festivos, supostamente importantes, que existem ao longo do ano.

Aniversário, Carnaval, Pascoa, Natal e Passagem de Ano.

Natal… Passagem do Ano…

NATAL…

Época nostálgica, muito nostálgica.

Eu gosto do Natal, ou por outra, eu gosto dos preparativos para o Natal, eu gosto da Missa do Galo.

Todos os anos penso num presente para fazer, artesanalmente, e começo a pôr em pratica uns meses antes do Natal. Gosto de trabalhos manuais. Gosto de ver as minhas ideias a tomar forma, gosto de distribuir e de atribuir qual das coisas é para quem, gosto de dar. Gosto de fazer o presépio, gosto de imaginar a história que me foi contada ao colocar cada peça no local onde nesse dia a imaginei, gosto de contar essa história aos meus filhos. Gosto da contagem decrescente e dos calendários do advento, da distribuição dos chocolates todos os dias a seguir ao jantar, gosto das músicas de natal, gosto do frio, gosto do cheiro a lenha queimada nas ruas, gosto da chuva a bater nas janelas. Gosto de ver as pessoas felizes. Gosto das cores do Natal, gosto do azevinho e do seu conto *. Gosto do Pai Natal e de toda a fascinação que ele envolve. Gosto de elaborar a ementa de Natal e de organizar os festejos, de distribuir tarefas e de espalhar velas por toda a casa *. Gosto de fazer as coisas com calma, com sentido e com sentimento.

Acontece que devo ter expectativas muito altas e quando o Natal acontece o ânimo vai-se.

Mas eu Gosto da Magia do Natal.

Nestes dois dias de festas o tempo voa. Passa tudo tão depressa, que nem se chega a sentir a magia de que tanto falo e que senti algures e que gosto tanto.

A fobia da abertura dos presentes (desembrulha-se em 5 segundos o que se embrulhou durante dias). Já não se encena a chegada do Pai Natal, com sininhos e os OH!OH!OH! de voz grossa. Já não se ouvem risinhos nervosos e descontrolados das crianças à espera, atrás das portas, e musica e sapatinhos, espalhados pela sala, a transbordar de presentinhos. Já não se dá um beijinho ao menino Jesus antes de o pôr no presépio e se canta uma ou várias músicas para o embalar a para o confortar. Já não se reza em agradecimento, pela sorte de ter um sapatinho tão atulhado e ao mesmo tempo a rebentar de curiosidade e vontade de abrir todos aqueles embrulhos.
A trapalhada é tal que já nem se sabe “a qual dos meninos Jesus se deve agradecer”. Pais, padrinhos, tios, avós, enteados, padrastos e madrastas, e toda uma panóplia de membros das famílias de hoje, vão perguntando: - Já tinha? Gostou? Espero que sim! Quer trocar, posso dar o talão! Só tem 15 dias para trocar. E os pais dizem: - Tem de agradecer à Avó, ao Tio, a Tia, ao Padrinho… Então afinal quem dá os presentes não é o Menino Jesus? E quem os distribui para o ajudar não é o Pai Natal? Então agradecer a todos porquê? Porquê tanta pergunta, tanta aflição…

A fobia da “arrumação dos presentes das crianças”. Assim como se dá, assim como se tira. Não há tempo para nos deitarmos no chão, abrir as embalagens calmamente a seu lado, brincar e montar os sonhos que fizeram crescer dentro deles ao longo desse mês. Tem de se apanhar rapidamente os papéis de embrulho, dos megas presentes, abrir as embalagens o menos possível para os conseguir enfiar rapidamente em sacos portáteis e para que as peças não se espalhem e não se percam e também para que as crianças não se envolvam demasiado.

A fobia do “depressa que temos de partir para o Natal seguinte”, o trabalho que envolve cada almoço, lanche ou jantar (por mesas, rechear e repor travessas, loiça para trás e para a frente, põe maquinas a lavar, tira maquinas lavadas) crianças a gritar – Não tenho fome quero brincar. Nós a ralhar atrapalhadas entre panelas e fitas de embrulho – Tens de almoçar e não te portes mal se não o Menino Jesus da Avó não te dá presentes e sim rolhas. A pressa do arrumar de nos despedir e avançar para o próximo, só relaxando quando se entra na Missa do Galo.

A missa do Galo… Aí sim… Começa a verdadeira Magia.

Sentamo-nos, aconchegamos os casacos e os vários agasalhos, respiramos fundo, fechamos os olhos e deixamo-nos embalar pelas rezas e pelos cânticos, há meia-luz de uma hora já avançada e pesada de tanta correria. Sentimos o frio a entrar pelas narinas, o calor das pessoas que estão ao nosso lado e do nosso lado, a paz que os cânticos e as rezas nos transmitem, a magia a entrar provocada pelo sono e pelo cansaço do longo dia de agitação.

A chegada a casa! Uma tristeza.
O ambiente frio, sem aquecimento e sem calor humano. Nem chocolate quente na cozinha, nem um sorriso de mãe, nem as gargalhadas das crianças, só gemidos de cansaço e uma pergunta entre bocejos - Amanha temos mais presentes???

O dia Seguinte! Mais um dia de correrias, de amuos, de gritos, de pesadelo, de expectativas não alcançadas ...

Balanço destes dois dias, um cansaço imenso, um saco cheio de presentes e um vazio enorme no coração.

Faz-me falta O NATAL…



*Conto do Azevinho
O azevinho é o símbolo do Natal. Porque estendeu os seus braços, verdes e com picos, durante a fuga da Sagrada Família para o Egipto para assim esconder Maria e o Seu Filho e impedir que os soldados de Herodes matassem o Menino Jesus.
Então Maria, em agradecimento, abençoou o azevinho, que desde então, permaneceu sempre verde e brilhante.

*Tradição do Natal
Segundo a tradição, as misteriosas e incandescentes velas de Natal representam a luz de Cristo, a luz da Vida.
Para os cristãos, o Natal é a comemoração do nascimento de Jesus Cristo. É uma festa de luz e de vida.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Palavras que Fazem Doer


É certo que as palavras não foram feitas para magoar, nem mesmo o tão malfadado não, mas certo é que magoam.

Magoam e não é pouco. Já dizia Shakespeare :

“ Ninguém pode calcular a potência venenosa de uma palavra má num peito amante”

Parece-me que, e em meu entender as palavras mal escolhidas nas alturas não próprias caem que nem bombas nos peitos apaixonados...

Peitos apaixonados são desconfiados, são carentes, são desmedidamente inquietos, ansiosos, ávidos de atenção, descrentes, ofegantes e por vezes até doentes.

Peitos apaixonados não precisam de falar, precisam de sentir, precisam de entender e de ser entendidos.

Toda a vida me disseram que “ Assuntos de Amor” não se falam, não se dizem, sentem-se e fazem-se sentir.

Os grandes escritores escrevem-nos. Têm essa capacidade, nós, comuns mortais temos de nos limitar a ler e no máximo a sentir. Mas falar sobre…

Voltando à “Vaca Fria”, o que magoa são aquelas palavras que não estão no nosso dicionário de amantes, aquelas que traem os nossos sentidos. Em suma, tenho de exercitar mais o Silêncio ou então de praticar mais a palavra.

“O exercício do silêncio é tão importante quanto a prática da palavra ” William James