domingo, 28 de outubro de 2012

"Oito ou Oitenta"






Estou há séculos  para entrar num assunto que não é nada fácil de abordar e muito menos de descrever.

Nestas coisas do coração e da razão há sempre muito a dizer e nada de novo para contar.
Fala-se sempre em vazios, cantos escuros, expectativas destroçadas, desencontros, dor, ou então, em encontros, alegria, felicidade plena, luz, beleza ...

Só há o oito e o oitenta. Raramente os outros 78 são chamados para o caso. O que me remete para os extremos.
A intensidade sente-se nos extremos. Guerra e paz, paixão/ódio, o claro versus o escuro, o Sol e a Lua, nascer e morrer.

Em cada extremo metemos a nossa intensidade máxima e sentimos na pele a dor ou a alegria de viver.

O intermédio, o médio, tudo o que está no meio, é sempre qualquer coisa pouca, meio medíocre, ou pelo menos assim o consideramos, não é pleno, não é merecedor de conversa, de analise, não é sentido na verdadeira acessão da palavra, não tem interesse e por isso, geralmente fazemos questão de nos esquecer, passar por cima ou mesmo de fingir que não existiu. Isto faz com que a existência do comum dos mortais seja apagada e que o dia-a-dia se traduza em indiferença e rotina.

Uma vez chegado aqui, percebo que a minha vida está neste meio. Sem interessa de maior, apagada, reduzida à sua insignificância. Até metade dela acreditei que poderia ser alguém. Sonhei que poderia ser uma das melhores ginastas que o mundo já alguma vez viu, que eventualmente teria hipóteses de ser uma belíssima nadadora cheia de records mundiais, continuei a acreditar que um dia seria a melhor medica deste planeta e mais tarde limitei-me a querer ser a melhor mãe do mundo, mas rapidamente me apercebi que sem livro de instruções seria muito difícil... No fim de cada etapa, quando a esperança morria, olhava em redor com alguma pena de mim própria, até que um dia, percebi que sonhar faz-nos chegar longe, mas nunca tão longe quanto o próprio sonho, que o médio é o comum e que nem por isso é menos do que outro qualquer. Que a felicidade não depende do que se consegue fazer bem, mas sim do que conseguimos tirar em proveito próprio no nosso dia a dia . Percebi que temos de por intensidade em tudo o que fazemos e passei a acreditar que a felicidade é o que quisermos.

"Enquanto houver um louco, um poeta e um amante haverá sonho, amor e fantasia. E enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança."
(William Shakespeare)

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Insatisfação





Odeio quando me sinto indecisa, cheia de ideias não definidas, todas embrulhadas e compactadas, sem o mínimo de ligação umas as outras.
Nestas alturas nem escrever me ajuda.
Encadeiam-se. Começa a sair uma ideia que rapidamente se transforma noutra e noutra e noutra e quando se dá por isso o texto está uma confusão de todo o tamanho e a minha cabeça continua em desordem. É aqui que me vejo rodeada de papéis todos enxovalhados, desesperada e de cabelos em pé de tanto lhes passar a mão.
E cá estou eu a misturar o que sinto, com o que vejo na minha imaginação!
Tudo estragado.
Lá se foi o fio condutor de qualquer coisa que estava por aqui a pairar.
Pois bem. À falta da ideia base, cheguei à  simples conclusão que, para mim, escrever é um jogo de tempo, paciência e construção, disciplina e muito trabalho. Qual sodoku!
Dá trabalho na organização de ideias e principalmente na construção de um texto que seja fiel ao quero transmitir. E o que quero eu transmitir?
Pois, o mal é esse mesmo. Muitas das vezes nem eu sei. É um misto de vivencias sentimentais, de ansiedades recalcadas, de medos inconscientes, que conscientemente não se aceitam como tal. Mil desculpas, mil  pretextos, mil justificações. Aceitar derrotas ou qualquer coisa que se tome por sentimento de perda... Nunca.
Logo, nada sai o que realmente é, o que implica não haver satisfação, nem conclusão, nem caminho de saída.
É estranho não se conseguir ser honesto para nós próprios.
Dá nisto!... Pura insatisfação sem saída.Três mil ideias embrulhadas, sem ligação entre si e sem sentido.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Inspirações...






Geralmente a inspiração do dia encontra-me, basta uma música, uma frase, uma imagem ou simplesmente um olhar, outras vezes sinto-me mais exigente, mais dura com a vida, e ela tem de ser procurada.
Hoje a inspiração não veio ter comigo por isso fui à procura. Procurei, procurei, mas não a encontrei.
Em dias exigentes como este, a procura tomava um rumo fora do habitual, diferente, muito especial, muito meu e no que me é querido. Mas hoje esse caminho desapareceu. Num impulso, indignada, dei dois passos atrás… Caí. Mas o certo é ter de me levantar e, mesmo que magoada, voltar a andar. O caminho do lado também é em frente… desconhecido… Mas tem com certeza os seus encantos.