sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

A Minha Avó Partiu



Partiu aquela que se tornou a minha grande ligação com o passado, a minha âncora, a minha última referência.

Partiu aquela cara linda, aquela figura materna e cheia de ternura, aquele cabelo branco, aquele sorriso meigo e cheio de vida. Ficava aqui a noite toda a tentar descrever aquela que tantos dias, tantos meses, tantos anos foi a minha Avó presente.

Esta partida, não propriamente prematura, era espectável há já algum tempo, mas nunca o suficiente para se conseguir acreditar que um dia pudesse vir a acontecer. Sofrida só de antecipar. Morrida de viver.

Esta partida representa, para além de uma parte da minha vida, o final de um ciclo. Um acabar de qualquer coisa que já não vai voltar mais.

Agora foi. Não há volta a dar e não há remédio que tire esta dor.

As valsas dançadas, o cheiro a fresias, as histórias contadas cheias de magia, as descrições dos antepassados, a mágoa da vida, a alegria de viver, as músicas ensinadas, o ponto de ligação, tantas coisas vividas, tantas coisas cantadas, são agora passado enterrado. Não são um passado qualquer, são mesmo passado enterrado, aquele que não tem testemunha e não tem cúmplice.



Não há lágrimas que cheguem para tanta tristeza.


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