segunda-feira, 2 de junho de 2008

Coisas Boas


Fiquei de pensar em 10 coisas que me façam feliz, ou 10 coisas que eu goste de fazer.

Ou por outra, que sirvam de recompensa, quando uma tarefa é cumprida.

Não, não estou tontinha. Esta tarefa faz parte do meu processo de coaching.

Bem, mas como eu ia dizendo, se fosse à uns tempos atrás, esta lista teria sido fácil. Provavelmente até arranjaria mais de 10 coisas e cada uma melhor que cada qual.Hoje esta tarefa está-me a parecer muito difícil.

Assim temos, trabalhos manuais.
Trabalhos de mãos como pintura em tela, pintura de figuras em gesso, tapete de Arraiolos, colagens, arranjos de flores secas, costura, etc, não estão a dar o gozo que deveriam e davam, nem tão pouco tenho tido concentração para preparar ou estar num sítio sossegada para tal.

Cinema e filmes de TV.
Filmes? Nem a conseguir estar em frente da televisão quanto mais ver um filme. Tudo me faz arrepios. A sensibilidade está à flor da pele.

Novelas…
Nada me deu tanto gozo, e durante tanto tempo, como atirar-me para cima do sofá depois das lides quotidianas a ver a novelazinha, deixando que o sono me embalasse. Não pensar, descansar o corpo e a cabeça era o mote. Hoje, só de olhar fico enjoada. Não sei por quanto tempo, mas não me apetece mesmo desperdiçar o meu tempo a ver novelas por ora.

Música.
É uma hipótese fácil. Sou vendida por música. Sou vendida por um pezinho de dança, por um bom guincho, a tentar fazer karaoke. Adjudicado, Número 1 da lista. Encabeça a lista com todo o orgulho e prazer.

Dançar.
Bem pensado. Veio do encadeamento. Adoro dançar. Adoro sentir o agitar do corpo ao som da música. Coisa que geralmente só consigo de coração, ou melhor de corpo e alma, quando estou sozinha. É mais uma daquelas coisas fantásticas que posso fazer.

Ler.
Gosto de ler. Gosto de sentir o livro a pedir licença para entrar, gosto de sentir a resistência da minha imaginação. Mas gosto particularmente quando um livro me leva a melhor e entra por mim a dentro sem eu perceber. Sim gosto de ler, mas geralmente, nesta casa de “Família Italiana”, não há concentração suficiente.

Passear no paredão.
Para ser verdadeira, não é andar, não é passear o que me faz mover, apesar de sentir uma liberdade imensa, quando o chão começa a andar e o vento, a bater na cara, redobra. O que verdadeiramente me faz andar, é ver o mar. È precisar a sua força, é investigar os seus cantos, é perceber as suas cores, é espiar os seus convidados. É ver o céu azul a tocar no mar, assistir aos aviões a desaparecer no horizonte, o brilho do sol a pairar. Ver a espuma branca fluorescente deixar o seu rasto. É toda a intensidade que tudo isto transmite. Aprendi também, que andar é estar comigo mesma. Aprendi a pensar Eu, a sentir Eu, a respirar Eu, a tentar ser Eu.

Estar com alguém de quem eu goste e que, eu saiba e sinta, que gosta de mim(As incertezas dão-me insegurança).
Que bom que é. Às vezes só estar. Às vezes estar, falar e rir, às vezes só rir. Poder estar à vontade e não fazer cerimónia. Simplesmente estar!

Uhau, olhei para trás e afinal já cá vão algumas coisas boas.

Pelo menos já estão a sair.

Continuando.

Praia.
A praia, tem recordações demais. A areia, o sol, os banhos, as raquetes, o pôr-do-sol, o ventinho quente a refrescar a pele ao fim do dia, estar de baixo de água e sentir as ondas passar, ouvir o eco das baleias, ouvir o nosso próprio corpo. Apanhar conchas, andar até não ver ninguém.

Já cá cantam 6 coisas boas, faltam as outras quatro. Amanha há mais.

2 comentários:

Unknown disse...

Sum!

Que lindo, conseguio 6, eu não sei se 6 hoje seria capaz, algumas vou emprestar a praia, o mar e conchas, ahhh sim, nao poderia esquecer a fotografia!
As outras não me fariam mover uma palha, mesmo cozinhar, que gosto tanto.
Como sempre seu texto convida a pensar...
nas coisas da vida!
E é essa forma simples de escrever que nos faz mergulhar em pensamentos sobre tantas questões do nosso rápido passar aqui.

Dá-me a tua mão

Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.

Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.

Clarice Lispector


Abraço Carinhoso,
Hay

sum disse...

Hay,
A fotografia!...
Tinha-me esquecido dessa. E já vão sete.
E que palavras tão bonitas essas de Clarice Lispector, vou pensar nelas hoje.
Obrigada