terça-feira, 7 de setembro de 2010

Hoje II


Hoje tomei o pequeno-almoço na varanda de trás. Na varanda que dá para os comboios, para a correria da vida.

Lá fora, a sentir o fresquinho na cara senti o prazer de ver o mundo acordar. As pessoas a viverem o frenesim dos nossos dias.

Já tinha saudades de ver o dia a amanhecer. Já tinha saudades de ver o Sol a nascer, as cores a tomarem a sua intensidade, o arco iris certinho e cheio de cores, o gato a roçar-se nas plantas cheio de preguiça, os aviões a cortarem o céu azul deixando rastos brancos e muito direitinhos, já tinha saudades dos primeiros raios de sol amarelos a baterem em cada esquina e a deixarem as sombras compridas e nítidas. Já tinha saudades de ver as pessoas a entrarem na vida do dia-a-dia todas cheias de pressa não se sabe muito bem para quê. Talvez para se despacharem! Como dizia, invariavelmente, a minha Chica sempre que lhe perguntava para quê tanta pressa logo de manhã?
- Para me despachar, menina! Assim fico logo despachadinha das coisas que me custam e depois posso fazer as coisas que gosto ou ir descansar.

Hoje não senti o ritmo dos pássaros mas sim o dos carros a circularem, hoje não senti o bater suave das ondas, mas sim a intensificação do movimento, as lojas a abrirem, hoje não senti a aragem e a brisa do mar, só vi as gares a encherem aos poucos de pessoas e a ficarem vazias depois do comboio passar.

Percebi o quanto isto já me fazia falta.

Sentir-me outra vez num mundo enorme, cheio de coisas diferentes e apinhado de pessoas iguaizinhas a mim, nem melhores nem piores simplesmente atarefadas com a vida numa correria louca para o amanha.

Hoje senti a minha respiração, o ar a entrar e a sair. Hoje senti-me em paz, sem ter de mostrar nada, simplesmente ser eu.

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