Quando conhecemos alguém de novo, tentamos “situa-la” dentro dos nossos conhecimentos.
Todos os seus gestos, as suas palavras, os seus comportamentos são minuciosamente examinados, revistos nas nossas bases de dados de memórias e são arquivados à luz da semelhança.
Só assim conseguimos tirar as nossas deduções e classificar a nova pessoa dentro da nossa cabeça, dentro na nossa alma, dentro do nosso coração. “Reconstituímos o desconhecido com o auxílio do que conhecemos.”- Lars Gustafsson, in 'A Morte de um Apicultor'
Só que tudo isto tem o seu risco e o seu senão, é que as nossas bases de dados são feitas de recordações sensoriais, de sentires. Quando conectamos sintonizamos a pessoa dentro de nós por nos parecer ser, não estamos na realidade a ser exactas porque até esse parecer que temos guardado, tal como o que temos para analisar, é um parecer, é um mistério, não passa disso. - “Explicamos um enigma com outro enigma” - Lars Gustafsson, in 'A Morte de um Apicultor'.
Só assim conseguimos explicar tantas ilusões e tantas desilusões e tantos mal entendidos. Tal como algumas surpresas agradáveis.
“No fundo de cada pessoa há um enigma impenetrável. O negro da pupila não é mais do que essa noite sem estrelas - o negro no fundo dos olhos não é mais do que as trevas do próprio universo.”
Lars Gustafsson, in 'A Morte de um Apicultor'
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