sábado, 24 de abril de 2010
Palco de Sonhos I
E a propósito de:
"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo..."
(Álvaro de Campos)
Palco de Sonhos
Sem me dar conta, alguns sonhos foram substituídos na minha vida. Um bocadinho aqui, um bocadinho ali, eles moldaram-se e modificaram-se. Olhando para trás do ombro, ainda está tudo tão perto, olhando para a frente sinto-os tão longe.
Se me perguntarem se era o que eu queria? Respondo que não foi o que sonhei. Se me perguntarem se tudo aquilo foram só sonhos? Eu respondo que foram os meus sonhos mais sonhados, não os entregaria a ninguém. Mas foram tudo menos vividos.
Sentimos sim e todas as nossas lágrimas choradas foram sinceras, e todos os nossos sorrisos foram de coração, mas nada deixou de ser um sonho e por isso resta-nos um sabor doce amargo na boca de qualquer coisa que podia ter sido e que nunca foi.
Correr atrás dos sonhos, foi o que eu fiz toda a minha vida. E não é assim que deve ser?
Os sonhos não são para ser vividos, são para ser sonhados.
E se, em determinada altura, um dos sonhos for vivido, então ele deixa de ser sonho e passa a ser a vida, e outros sonhos se instalam em cima dessa vivencia. E é assim que sonhamos mais, e mais, e mais.
E é também assim que os sonhos aparecem e desaparecem, dão cambalhotas, rodam, dançam e saem de cena. Outros entram e fazem as suas performances, permanecem mais tempo ou menos tempo, fazem “encores” e voltam a sair. Umas vezes aplaudimos e sorrimos outras choramos. E assim vivemos a nossa vida, num palco de sonhos!
Sonhando assim de sonhar: talvez um dia sem que se tenha sonhado, um sonho nos caia nos braços e se viva com a intensidade com que um dia foi sonhado.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Desordem
Já me tinha esquecido desta sensação estranha de acordar e sentir que não sinto nada, mas que perdi tudo, que não há dor em mim, mas que dói tudo. Que perdi o mundo mas que ele está igual, de não saber qual é a diferença, mas que ela é abismal. E de repente abrem-se os olhos, a consciência entra e sente-se um vazio enorme.
A nossa memória não foi educada para abarcar nomes, histórias de família, parentescos, receitas de cozinha, mezinhas caseiras para tirar nódoas, os rios e afluentes, os caminhos de ferros do país, os brasões e títulos, catequese à séria, incluindo mandamentos e mandamentos, Rosários e terços completos, as consagrações, as Salve Rainhas, todos os Mistérios do Rosário, usos e bons costumes, etiqueta, protocolos caseiros, um bem estar à mesa durante horas a fio a ouvir historias de grandes, todas estas coisas e muito mais.
Para isso contávamos com as mentes brilhantes dos nossos progenitores e de repente esses braços onde nos encostávamos caem e deixam-nos desamparados e por nossa conta. Apercebo-nos de que, com esses braços, foram metade das nossas raízes e historias que apesar de nos deixarem viver o dia-a-dia empobrece-nos e deixa-nos debilitados, desfalcados.
Fisicamente não se sente, de facto não foi a nossa inteligência e a nossa mente que partiu, mas sim o nosso apoio, a nossa historia, a nossa referencia, a nossa consciência, aquele grilinho falante atrás da nossa orelha,aquele mar de conhecimentos que nos estava anexado e que perecia que fazia parte de nós. E, de repente esse anexo não está mais. Aprender a viver sem ele é desconcertante, a desordem instala-se por tempo indeterminado até que um novo equilíbrio se instale. O pior e que estes anexos não param quietos e vão partindo desorientadamente e o equilíbrio começa a ser difícil de manter.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Daily Poem
"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem". Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."
(Fernando Pessoa)
Já devo ter posto um milhão de vezes esta frase neste blog.
Mas é que me parece sempre tão acertada que deixo de ter palavras para dizer aquilo que sinto e penso.
Hoje é dia de pensar em todas as pessoas que pertencem e pertenceram à minha vida, em tudo o que elas representam e representaram para mim.
Hoje é dia de abraçar todo o conhecimento que me deram, no exemplo que foram, nos momentos que me proporcionaram.
Hoje é dia de fazer balanços e de tirar deles o suficiente para conseguir andar para a frente.
Hoje é dia de perceber que todos os que me rodeiam são importantes porque fazem de mim aquilo que sou.
Hoje é dia de entender o que se pode aproveitar de cada pessoa e cada bocadinho daquilo que ela é.
Cada vida é um exemplo de vida e cada exemplo de vida pode dar forma aos nossos passos.
Para todas as pessoas que conheci e que estiveram ao lado da minha vida, mesmo que por segundos eu agradeço tudo o que me deram e tudo o que sou. A todas as pessoas que ainda cá estão eu não agradeço porque não retirei delas tudo o que ainda me podem dar.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Saber Parar
Há muito tempo que isto não me acontecia.
Senti-me bem comigo, como há muito tempo não sentia.
Estive bem, descontraída e a gostar de mim.
Não sei o que fiz, nem sei como fiz, sei que aconteceu. Aconteceu e eu amei.
O pior destes dias é que no dia a seguir andamos a procura do ontem em vez de continuar a viver o hoje.
Este gostar que voltasse a acontecer, estraga tudo nesta vida.
Em vez de saborear bem o que me aconteceu e deixar prolongar o meu sentir, passo a viver na angustia do “nunca mais me vai acontecer”. E entra-se numa procura inglória que nos debilita e nos autodestrói aos bocadinhos.
Saber parar este ciclo é determinante.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Dias...
Há dias em que nos fazia tão bem por as coisas cá para fora e falar, falar, falar.
Mas acontece que nesses dias as ideias estão completamente desorganizadas e saem a trezentos a hora sem nexo nenhum e sem qualquer tipo de raciocínio.
Hoje é nitidamente um desses dias.
domingo, 18 de abril de 2010
Deliciosa
"O amor é o desejo irresistível de ser irresistivelmente desejado"
(Robert Frost)
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Obrigada
Bridge Over Troubled Water
"When you're wear-eary
Feeling small
When tears are in your eyes
I'll dry the-em all
I'm on your side
Oh when ti-imes get rough
And friends just can't be found
Like a bridge over troubled water
I will lay me down
Like a bridge over troubled water
I will lay me down
When you're down and out
When you're on the street
When evenin' falls so hard
I will comfor-ort you
I'll take your part
Oh when dar-arkness comes
And pain is all around
Like a bridge over troubled water
I will lay me down
Like a bridge over troubled water
I will lay me down
Sail on silver girl
Sail on by
Your time has come to shine
All your dreams are on their way
See how they shine
Oh, if you need a friend
I'm sailing right behind
Like a bridge over troubled water
I will ease your mind
Like a bridge over troubled water
I will ease - your - mind..."
(Simon & Garfunkel)
quarta-feira, 14 de abril de 2010
O que é importante...
Há coisas importantes nesta vida!
Em cada momento temos uma. E elas mudam tal e qual como muda o tempo. Um dia é uma, outro dia é outra. Nesta rotação infernal, umas perdem-se outras ganham-se outras ainda ficam a pairar.
Há também aquelas que se retomam e aquelas que gostaríamos de ter e pelas quais lutamos furiosamente.
Mas há ainda as coisas muito muito importantes que nunca mudam, que são sempre importantes faça chuva ou faça sol, seja Verão ou seja Inverno, seja neste minuto, seja daqui a umas horas ou mesmos dias ou anos, e essas temos de as estimar, de as proteger, de as mimar, de as cativar, de as aconchegar e juntar a nós a toda a hora e a todo o minuto.
Mas, e há sempre estes "masss" nas nossas vidas, estas coisas tão importantes, são aquelas que às vezes de tão certas que são, são deixadas para trás, são descuradas e subestimadas.
E, e porque também há sempre "eeee" na nossa vida, precisamos de nos concentrar, centrar e focar para não perder aquilo que não aguentamos perder. Mesmo que às vezes o tempo não nos queira dar os seus minutos, mesmo que as estrelas e o sol e a lua não se queiram mostrar, mesmo que a chuva e o vento não nos queiram deixar sair, mesmo que a nossa vontade seja tapada pelas coisas importantes do dia-a-dia.
Hoje o meu dia vai ser dedicado às "Coisas Muito Muito Importantes da Minha Vida! "
Assim como há o dia internacional do beijo, hoje será o dia das coisas muito importantes para mim.
E o beijo é indispensável para que este dia seja um sucesso. Poder dar beijinhos a todos aqueles que gosto e mostrar-lhes que são muito muito importantes para mim e que me fazem falta é o primeiro passo do dia de hoje :)
segunda-feira, 12 de abril de 2010
E Hoje...
"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?"
(Fernando Pessoa)
sábado, 10 de abril de 2010
Falua no Tejo
Falua no Tejo
O rio é negro e nem de espuma um claro o esmalta,
Que a noite é negra e um negro incauto encobre a Lua;
Apenas uma vela em mastro de falua
De tanto negro, negro, em tanto alvor, ressalta.
De lume fátuo, incerto, onde o contorno falta,
Assim no escuro da alma uma ilusão flutua;
O enxame da cobiça em torno tumultua,
E a fantasia, entanto, aspira a luz mais alta.
Fazendo volta ao mar, voltar-me a noite bela
Das auras bem pudera o cântico em surdina,
Que as nuvens extravia e os sonhos maus debela.
E, rota da luz a luminosa mina,
Eu vira, em meu transporte, altiva, a branca vela,
Correr, sorrir, brilhar no ardor da tremulina.
(D. João Gonçalves Zarco da Câmara (n. em 27 Dez. 1852 em Lisboa; m. 2 Jan. 1908)
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Um Vazio
"O amigo é a resposta aos teus desejos. Mas não o procures para matar o tempo! Procura-o sempre para as horas vivas. Porque ele deve preencher a tua necessidade, mas não o teu vazio."
(Khalil Gibran)
domingo, 4 de abril de 2010
Observatório
Estar num café cheio de gente e ter oportunidade de observar as caras, os comportamentos, as conversas, os sorrisos, as idades, as obrigações, o brilho dos olhos, os olhares apaixonados, os sorrisos, os gestos de impaciência, a paz interior, a ansiedade, os que querem agradar e não conseguem, os que amam e são amados, os que estão chateados, os que têm a irritação estampada no rosto, a ternura, a paixão, a insatisfação e tantas outras coisas, faz-nos perceber que as vidas das pessoas são diferentes sim, passam por várias fases também, mas que em todos elas existem sentires que se assemelham.
Sabendo que a idade é relevante para cada uma destas fases, sabemos também que cada pessoa é uma pessoa e por isso aquilo por que uma pessoa passa na vida é que é verdadeiramente determinante no seu sentir.
Daí que quando nos sentamos, num sítio destes, a observar, nos venha à cabeça as nossas próprias vivências e sentimentos.
É um jogo tentar perceber em que fase está ou qual o sentimento de cada uma destas pessoas naquele momento ao mesmo tempo que nos apercebemos onde, quando e porquê aqueles sentimentos nos bateram.
E o barulho que tudo aquilo gerava? E perceber o porquê da escolha das mesas?
E ver que o comportamento de cada um condiciona o comportamento da envolvente! Esta então, foi a mais engraçada. A forma como os empregados reagiam aos pedidos dependia tão-somente de um sorriso, ou de uma cara feia.
Sentada naquele cantinho, fui vendo, cara a cara, comportamento a comportamento e assim se passaram alguns minutos valentes.
Meu Deus, quantos comportamentos diferentes e tão iguais.
… Um mundo!
Enfim há muito tempo que não me permitia a uma destas.
sábado, 3 de abril de 2010
Há dias e dias
Há dias e dias.
Eu, que até gosto de frases bonitas, poemas e textos sonhadores, livros românticos …
Hoje não estou para ai virada.
Parece que as palavras não entram, não chegam ao coração. Inclusivamente há umas que nem chego a entender!
São dias em que estou a mil e o que me entra é mais de índole prática.
Este estado deve-se provavelmente ao dia de ontem, em que as recordações despertaram em mim um milhão de sentimentos e recordações extraordinárias. Essencialmente boas mas que se tornaram um tanto ou quanto amargas. A saudade, a nostalgia, a ausência, causam os seus efeitos…
Este fim-de-semana deu-me para as arrumações de papel, o que dá em muito mais, claro...
Isto implica tudo o que é correspondência – cartas, escolas, presentes dos dias da mãe, do dia da mulher, do dia …., dos meus anos, Natal, cartas pessoais, contas, recibos - recortes de jornais e revistas, bilhetes, fotografias, cartões e outras coisas que tais.
Dei com coisas lindas e que já não me lembrava que tinha guardado. As coisas que eu guardo…
Dei com fotografias que nem sabia que tinha, dei com coisas de uma vida inteira de momentos fantásticos.
Fez-me lembrar uma exposição que vi, se não me engano em Serralves, que constava de uma instalação de objectos pessoais que se vão guardando ao longo da vida e que se amontoam, sem nexo e sem cronologia específica, dentro das mesas-de-cabeceira e das várias caixas e caixinhas, gavetas e gavetinhas, armários e armarinhos de uma casa bem vivida e cheia de gente.
Assim estou eu. Queria mesmo fazer uma exposição das minhas coisas guardadas. Cada uma tem uma história, cada uma um momento, cada uma, à sua maneira deu cor à minha vida. Mesmo os botões, que parece que nascem do nada. Até eles têm uma origem, um lugar e uma historia. E são muitos...
Mas como não me iriam deixar fazer esta exposição cá em casa, sob pena de ser despedida de mãe e mulher e posta na rua! Decidi que vou ter de publicar algumas das coisas que guardei e assim fica o legado. Com ou sem palavras…
E hoje como estou nos dias mais práticos e menos sonhadores, aqui vai um dos “10 mandamentos” de Maria Duarte Bello. Guardei-os praticamente todos, porque cada um à sua maneira relembra-nos a forma como devemos pensar e fazer em varias situações.
Hoje é mais estes:
Os 10 Mandamentos Da auto-motivação
1 – Começar bem o dia.
A melhor maneira de começar bem o dia é planeá-lo de véspera. Fazer uma lista do mais importante, reunindo dados e informações de que necessitará para entrar em acção. Sensação de controlo, organização e alívio são o estímulo indispensável para começar sem angústias.
2- Pensar nas Realizações e sucessos.
Percorrer mentalmente os progressos alcançados, reavaliando as tarefas, etapas, estratégias e objectivos anteriores.
3 – Encontrar a profissão de Sonho.
A Profissão certa transforma percalços em pormenores. Quaisquer que sejam as dificuldades, acolher com agrado projectos e tarefas que sabe essenciais para progredir e que de outro modo seriam odiosas.
4 – Rotinas quanto baste.
Possibilitam o normal funcionamento da vida mas podem asfixiar e matar qualquer empenho. Experiências místicas ou não quotidianas proporcionam poderes revigorantes.
5 – Diz-me com quem andas dir-te-ei quem és.
As pessoas influenciam os níveis de motivação e contribuem para a formação do carácter. Afastar-se dos desesperados, falsas vítimas, gabarolas e enjoados.
6 – Mudar os planos.
Objectivos funcionam como fonte de energia, mas se forem impossíveis ou demasiado fáceis transformam-se em obstáculos. Se os objectivos se revelarem pouco atractivos ou mesmo inúteis, considere a possibilidade de os alterar. Nada é eterno.
7 – O poder da mente.
Dirija palavras de encorajamento, actuando como se fosse o seu treinador. Usar palavras mágicas que possam levar a prosseguir, como as conversas que os treinadores têm com os atletas antes de uma competição.
8 – Aproveitar a pressão.
Estabelecer o termo do prazo para os projectos de maneira a coincidir com o inicio de outros. Tenta-se evitar qualquer tipo de pressão mas é possível, caso queira reverter os efeitos a seu favor.
9 – Praticar o Feedback.
Avaliar-se frequentemente para encontrar a habilidade de criar e suster a motivação. Inclui alterar o comportamento, melhorar o desempenho, lidar com avaliações e aperfeiçoar o estilo.
10 – Acreditar que pode.
Não aderir à lei do menor esforço, contentando-se com o que vier. Investir o máximo de esforço, mesmo privando-se temporariamente de coisas que dão prazer, a fim de obter o que deseja.
(Maria Duarte Bello – Coaching e Gestão de Imagem – maria.duarte.bello@sapo.pt)
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Brincar
Gostava de ter o mundo nas minhas mãos e de brincar com todas as peças que ele tem para brincar.
Gostava de as poder tirar e pôr, encaixar, esconder e fazer aparecer.
Gostava de poder colorir ou recortar todas as peças que são bonitas, para elas poderem encaixar na perfeição nos sítios certos e poderem brilhar.
Gostava de lhes poder dizer todos os dias como são bonitas e como ficam bem ali ao pé de mim, gostava de lhes dizer a toda a hora como eu gosto delas, como me fazem sentir orgulhosa e cheia de mim por as ter ao meu lado.
Logo de seguida gostava de as poder colar, fixar para que não perdessem a sua luz e muito menos pudessem cair do sítio onde eu as coloquei com tanto carinho e amor.
Também gostava de poder atirar para bem longe aquelas peças que não se encaixam nunca, que estragam as envolventes e as contaminam, que tornam as coisas feias e imperfeitas.
Dessas eu gostaria de ter a distância como da Terra até a Lua. Aliás gostava mesmo de não as ter de ver ou, melhor ainda, desejava que elas não existissem.
Assim o mundo era feito a minha medida, era o meu mundo perfeito!
De certa maneira eu tenho o meu mundo…
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