Como é que é possível.
Ao fim destes anos todos, ainda há dias que passam e eu não me consigo reconhecer.
Nunca fui nem quero ser aparências. Sou o que sou e valho o que valho.
Sempre fui um livro meio aberto mesmo sabendo que não se deve dar tudo o que se tem.
Nunca tive medo de dar.
Sempre tive, isso sim, medo de receber.
Hoje vi-me diferente. Hoje senti-me também com medo de dar. Com medo de me mostrar.
Não, se calhar já não é medo já é frustração mesmo. Ou melhor um misto das duas.
Frustração por ter feito força para receber sem medo e ter perdido.
Frustração por não me ter sabido ouvir e sentir, por não me ter guiado pelos meus instintos.
Frustração por ter sido enganada pela minha vontade de tanto querer.
Frustração por não ter sequer como me mostrar a quem, com tanto carinho me entreguei de alma.
Frustração por não ter hipóteses de me poder dar a conhecer tal e qual sou, por não poder dar aquela parte de mim que eu sei que vale.
Frustração por não conseguir fazer-me entender, por não poder ser verdadeiramente verdadeira.
Frustração por não ter sabido escolher quem me soubesse receber, quem me soubesse ouvir, quem me soubesse sentir, quem me soubesse achar.
Frustração por não ter coragem para enfrentar quem não quer saber, quem não se quer dar, quem tem medo de se mostrar.
(Arrepiou, obrigada Pedro Rapoula, mais uma vez)
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