sexta-feira, 3 de junho de 2011
Já ri e já chorei.
Hoje já ri e já chorei.
Os meus pensamentos vagueiam ao sabor dos estímulos que encontram. Os encadeamentos processam-se e desencadeiam associações de ideias e sentimentos que voam à velocidade da luz. Os estímulos ora são verdes, ora cheiram a terra molhada, ora são luz, ora pessoas a passar, conversas tidas, situações passadas, palavras perdidas, passarinhos a cantar ou simplesmente nada e do nada vem qualquer coisa e do qualquer coisa vem o nada e os pensamentos andam errantes de um lado para o outro, como um barco no meio de uma tempestade, fazendo o nosso momento.
Este momento é sentido, tem uma cor, um cheiro, um tacto, um sabor e tem ainda uma temperatura e um som e é este conjunto de sentidos que guardamos e registamos.
Já tentei perceber como é que se vive o aqui e agora sem sonhar com o futuro ou ir passear ao passado mas chego sempre à conclusão de que o que sinto é sempre em relação a qualquer coisa que já vivi. É a referência que fica, como uma semente que foi lançada e que fica latente até novo estímulo.
Assim, há estímulos que se repetem e quando se repetem reavivam em nós todos os momentos que vivemos e nele revivemos o passado como se tivesse sido hoje e, no hoje, vamos acrescentando mais uns pós que mais tarde se hão-de repetir novamente um bocadinho mais ricos e assim sucessivamente. Acontece que há uns momentos tão marcantes que se tornam presentes a toda a hora deixando em nós raízes profundas.
Hoje chorei a saudade de momentos vividos, senti a nostalgia dos gestos perdidos, ri-me das asneiras feitas e das piadas repetidas, tive pena do que nunca vivi mas saboreei cada minuto que tive, cada lágrima que caiu e cada sorriso que me escapou.
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