quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Um Amigo




Um dia sonhei.

Sonhei que era uma princesa e que tinha um príncipe encantado que me acordou com um beijo. Num palácio que se encheu de luz e de alegria no momento em que os nossos lábios se tocaram.

Sonhei ainda, que pela minha beleza interior, pela qual o príncipe se apaixonou e jurou amor eterno, eu era merecedora de todos os ramos de rosas e beijos que me eram oferecidos. E que a beleza interior do príncipe, fez nascer em mim um amor profundo e que também fez quebrar o encantamento que pairava sobre ele.

Tamanha felicidade nunca tinha sido vista até então.

E a partir daí fomos felizes para sempre.

Foram estas as histórias de encantar que me contaram.

Foram estas, as histórias de encantar que me ficaram na memória.

Foram estas, as histórias de encantar que se instalaram no meu imaginário.

Esqueceram-se de me dizer, que geralmente a vida nos faz virar Gatas Borralheiras e que a Fada Madrinha nunca aparece para nos salvar.

Esqueceram-se também de me ensinar que cuidar da nossa beleza exterior era mais importante do que quaisquer duas belezas interiores.

Esqueceram-se de me alertar para o facto de que nenhum príncipe encantado, nem mesmo o nosso, nos pode fazer felizes para sempre, que o nosso palácio vira um campo de batalha que em vez de nos acolher nos expulsa, que o nosso amor vira um desamor e que o nosso sonho vira um pesadelo.

E que a partir desse momento deixa de se acreditar na vida, nas pessoas, nos sentimentos, nos momentos.

Os sonhos dão lugar à nostalgia, que entra de rompão como um animal selvagem a tentar saciar a sua fome.

E foi nesta selva escura e fria, onde só se viam olhos de todos os tamanhos e feitios à espera de um momento de fraqueza para poder atacar e destruir todos os restos de alma já espalhados e destroçados, que surgiu a Lua.

Essa Lua imensa e encantada com capacidade mágica de me presentear com o seu dom. O dom de me fazer sorrir, o dom de me fazer sentir bem, de me mostrar coisas bonitas, de me fazer sentir que sou importante, de me mostrar o caminho da verdade e da sinceridade, de me fazer ter vontade de renascer, de me mostrar que no mundo nem só o amor é importante. Que mais importante que um amor é uma amizade.

Essa Lua brilhante, que conseguiu entender o pedido de socorro, numa última réstia de esperança, que foi lançado sob a forma de um grito desesperado e silencioso. “Não deixes de ser meu amigo”.

Essa Lua enorme que me aconchegou com um abraço quente e forte, sem pedir nada em troca e sem propósitos outros que não o de dar forças e energias e o de me fazer renascer.

Essa Lua fascinante que me olhou nos olhos e me iluminou o caminho, murmurando-me ao ouvido – Vai estás pronta para renascer de novo. E Sempre que precises de novas forças, não esperes por ter, pede e eu estarei aqui ao pé para te dar. (That’s what Friends are for).



Essa Lua que teve o dom de me ensinar, com inteligência, sensibilidade e principalmente com muita humildade, que apesar de tudo ainda vale a pena lutar por tudo o que acreditamos.

E que aqueles abraços se repitam para todo o sempre com a mesma intensidade e carinho.

Agora Sim e só para ti.


Obrigada LUA.

(Todos nós temos uma LUA em determinado momento da nossa vida. Uma LUA única que nos ilumina o caminho.)

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