Um dia vi um filme em que o protagonista era um Palhaço Pobre e o seu trabalho era fazer rir as pessoas em especial as crianças.
Um trabalho exigente, muito exigente mesmo. As crianças são geralmente perspicazes e qualquer sombra no olhar pode comprometer a representação. Por isso fizesse chuva ou fizesse sol, houvesse ou não houvesse problemas, estivesse ou não triste, o trabalho tinha de ser feito e bem feito e o palhaço pobre tinha de estar em forma e de sorriso na cara sem sombras no olhar para conseguir que as crianças se rissem. Com a agravante de que quanto mais fazia rir, mais se sentia sozinho, desprotegido e triste.
A história foi-se complicando ao longo do filme e dei por mim, verdadeiramente encolhida de dor.
O sofrimento das pessoas sempre me fez muita impressão, então o sofrimento calado… Talvez porque é um sentimento que eu não consigo suportar e com o qual não sei lidar.
A partir desta data todos os dias em que me sinto desconsolada e sem coragem para partilhar, em que me sinto sozinha e sem ânimo para reagir, em que me sinto triste e sei que não devo demonstrar, são dias a que chamo de “Palhaço Pobre”.
Eles existem, com mais frequência do que se possa pensar e são palco de grande sofrimento. Neles vivem-se momentos de muita solidão, tristeza, insegurança e inquietação.
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