sábado, 11 de dezembro de 2010

Ai quem me dera ser eternamente criança...


"Certas coisas são amargas se a gente as engole."
(Millôr Fernandes)

O pior é que as engolimos quase sempre.

Hoje acordei e fiquei na cama a giboiar de olhos fechados a ouvir as minhas palmeiras e a sentir o quentinho do Sol a bater-me na cara. Inconscientemente sentia o mar a ir e a vir e os meus sentidos estavam sensíveis a todos os sons que vêm do dia. Sim porque o dia tem som em contrapartida com a noite e o som faz companhia. 

A janela estava aberta, o ventinho ou melhor a brisa fria chegou-me ao nariz e eu enrosquei-me e enrolei-me ainda mais no meu edredão. A cabeça, essa começou a funcionar muito antes de eu acordar. Numa espécie de sonho eu ia pondo as várias hipóteses e ela, num rodopio alucinante, dava-me as possíveis soluções e contrapunha por falta de correspondência – “Wrong. Does’t match”- não é sensata nem possível segundo a situação actual. O lado de lá não quer ou o lado de cá não pode...

Definitivamente não tinha de ser assim!

Este pensamento aniquilou-me. Se não tinha de ser assim então porque é que foi?

Até que pensei: se eu fosse criança tudo era tão mais simples… Há coisas que não se põem em causa, há coisas que não fazem diferença para o nosso objectivo, há coisas que acontecem e que sentimos e que no minuto a seguir pomos de parte porque o nosso fim último é muito mais importante.

As prioridades são completamente diferentes, as razões vêm do coração, os quereres vêm da alma. As vergonhas e as frustrações não são barreiras significativas, as verdades não existem. Tudo podia ter acontecido de maneira tão diferente e mesmo que tivesse sido assim estaria resolvido em menos de dois segundos e a um passo de uma palavra. Talvez a palavra “Olá”!

Ai quem me dera, ser eternamente criança...

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