Há 9 anos atrás por esta altura já eu estava num quartinho de hospital, muito arranjadinho e arrumadinho, pacientemente à espera dos últimos momentos de uma gravidez super esperada e querida. Estava para nascer a minha periquita pequenina.
Este nascimento foi diferente de tudo o que eu já tinha passado antes, apesar de ser a terceira e de tudo o que eu estava à espera. Não tive de esperar pela dilatação estipulada para ter epidural, por isso depois de umas horas de aperto, lá veio o meu descanso. Nessa altura o resto da dilatação fez-se a par e passo com conversa e visitas, entradas e saídas de amigos, pais, médicos e enfermeiras, até um estafeta profissional de entrega de flores entrou para me entregar um ramo de flores lindo de morrer enviado pela minha mãe. Um verdadeiro reboliço.
Em plena cavaqueira, passamos umas largas horas de ansiedade e nervosismo. A peste só nasceu as 8 da noite. Um dia inteiro, para no fim acabar numa cesariana. Tudo se passou em dois minutinhos que me pareceram eternidades. É tão estranho ter um estranho nos braços que eu senti durante 9 meses. Ainda dizem que não tem graça saber o sexo da criança porque tira o efeito surpresa. Surpresa é aquela carinha, as mãozinhas, a perfeição em ponto pequenino, o cabelo espetado e o génio já espelhado nos olhos que se abriram para mim. É de não esquecer nunca mais, é o sentimento mais forte que um dia já experimentei. Um misto de alegria esfuziante com medo de não conseguir ser tudo aquilo que aquela criança espera de mim. Apesar de tudo foi a altura da minha vida em que me senti mais forte. Por aquela coisa pequena eu seria capaz até de matar. Eu e ela, ela e eu, uma parelha inseparável e à prova de fogo. Acho que nestas alturas os maridos sentem ciúmes. Mas têm toda a legitimidade para o sentirem. É de facto um momento só nosso. Ninguém entra. Depois, com o passar dos dias a coisa vai-se esbatendo, e tudo entra na normalidade.
Maravilha, é a palavra que encontro para descrever cada nascimento que saiu de mim. Hoje olho para os meus 3 matulões e vejo cada momento que passamos juntos, cada trinca de amor que lhes dei, cada história, cada passo. Até aos 4 anos estas criaturas foram exclusivamente minhas e só minhas. Hoje olho para trás e não sei como aguentei tantas noites não dormidas, tantas birras, tantas horas de preocupação, tanta energia, tanto cuidar, tanta atenção a dar, só mesmo o amor que lhes temos é capaz de tanto.
2 comentários:
... "foram minhas"... no que as mães acreditam... (gargalhada... abafadíssima). :-))
Parabéns, mãe babada. :-)
"Foram minhas" sim! Foram...
Babada não, babadissima! :D
E muito Obrigada.
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