sexta-feira, 16 de março de 2012

Valores

No outro dia aprendi várias coisas:
1ª Aprendi que cada um de nós tem por objectivo ser feliz e que isto não é vergonha, nem pecado.
2º Aprendi que para se ser feliz temos de viver segundo as nossas premissas de vida: os nossos valores.
3º Aprendi que os valores mudam de pessoa para pessoa e mudam ao longo da nossa vida.
4º Aprendi que os nossos valores são o contrario daquilo que odiaríamos que nos fizessem.
5º Aprendi que o meu valor base, nesta fase da minha vida é o “respeito” e confiança.
6º Aprendi que quero ser respeitada como sou e quero respeitar quem está na minha frente.
7º Aprendi que respeitar é muito mais do que calar e consentir, é essencialmente aceitar.
8º Aprendi que não tenho de ouvir tudo, posso escolher.
E por ai fora.
São coisas simples que todos nós, por intuição, sabemos mas que muitas vezes não conseguimos racionalizar e expressar. É bom quando tudo isto fica claro na nossa cabeça. Simplifica a nossa vida porque condiciona de forma saudável as nossas acções e reacções.
Para que tudo isto aconteça é preciso que se interiorize, que seja tão perceptível como ir buscar um copo de água quando se tem sede. Para se interiorizar é preciso pensar, sentir, sermos nós, tornar a pensar, tornar a sentir e tornar a ser, é fazer disto uma rotina. Uma rotina diária de preferência, porque se formos nós e felizes de certeza que os que nos rodeiam serão muito mais felizes também.
Estarei a ser muito Naif?
“Hoje em dia conhecemos o preço de tudo e o valor de nada.”
(Oscar Wilde)

terça-feira, 6 de março de 2012

Coisas da Vida



E assim vou ficar!
Esperei anos da minha vida e mais anos posso esperar. Esperarei todos os que nela existirem se assim for preciso. Se já passaram mais de metade a outra metade nada vai custar. Mas nunca serei só mais uma por aqui. Esperar é uma aprendizagem. É assim que tem de ser é assim que é e vai ser. Decidir que é assim é só mais um passo. Medo de quê! Medo para quê?  A minha vida não foi em vão, não foi vazia, nada se perdeu só se ganhou. Não houve passo falhado nem que não tivesse sido dado, não há arrependimento nem arrebatamento. Há tão só um espaço reservado que poderia ter sido e pode ser ocupado. Se for é, se não for assim ficará, mas não deixará nunca de ser bonita como ela foi e é.


domingo, 4 de março de 2012

Uma Dança sem Fim


O papel e a caneta  obrigam-me   a arrumar os pensamentos mesmo que não escreva sobre o que me incomoda. Sim, porque nem sempre sei o que me inquieta. Geralmente desato a rabiscar tudo o que me vem a cabeça. Saem cascatas de palavras sem nexo e frases sem qualquer fio condutor até que toco no ponto e sei-o no minuto em que ele de repente saiu. Nesse segundo, os sentimentos saltam e espalham-se na minha frente como a água do mar a comer a terra depois da onda rebentar. É certo que se não houver qualquer coisa que a retenha, antes de ela recolher, metade de toda aquela água  se mistura no mar outra vez. É aqui que a caneta exerce o seu feitiço e que o papel é seu cúmplice. Ela apanha esse momento e tenta eternizar o sentimento, o papel absorve a tinta e faz com que ela tome forma, ajuda-a a deslizar sobre ele e os dois numa valsa sem fim rodopiam.
Hoje a dança foi grande.

quinta-feira, 1 de março de 2012

O que for, quando for, é que será o que é.


"O que for, quando for, é que será o que é"  - Será que há palavras melhores para dizer que tudo tem uma hora, tudo tem um dia, tudo tem um perceito, o que for será e contra isso nada há a fazer e que, independentemente do que se passa conosco, o mundo continua a girar e o Sol continua a nascer todos os dias?
 
"Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.  
O que for, quando for, é que será o que é. "

(Alberto Caeiro)

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

As palavras que nunca direi



Não há nada pior do que ter coisas para dizer e não as poder dizer. 
Sinto-me a rebentar. 
Também não sei bem onde é que vou arranjar tanta coisa que gostaria de dizer. Devo ser uma mulher de “muitas” palavras!   
Muitas palavras por dizer, está bem visto, porque das trezentas e cinquenta e sete mil que digo a cada cinco minutos, muito mais de metade deveriam ficar por dizer. 
O facto é que as coisas vão-se acumulando, paginas tantas, deixa de haver espaço físico para elas se acomodarem e começa tudo a entrar em curto-circuito. Consigo comparar este pequeno incidente ao meu computador. Também ele tem um espaço, também ele rebenta se não o limparmos. Só que um computador é relativamente fácil de limpar e tornar a utilizar. As coisas que não prestam deitam-se fora, as que não sabemos, guardamos mais um tempo até elas deixarem de ter a importância que ainda lhe atribuímos. As importantes guardamos e eventualmente passamos para um disco externo a fim de as guardar bem guardadinhas e elas não ficarem a ocupar espaço. Mas os nossos pensamentos, as nossas palavras, os nossos sentimentos? Como atira-los para o lixo, como fazer para lhes dar menos importância, como obriga-los a ocuparem menos espaço dentro de nós?
É que já me apercebi de que as recordações e as coisas resolvidas estão guardadas em caixas muito bem arrumadinhas. Parece até que estão compactadas e desta forma cabem e cabem e cabem.
As coisas que não estão resolvidas, não são passiveis de serem guardadas, nem compactadas. Pelo contrario, reproduzem-se em filmes infindáveis, inaceitáveis, indecifráveis, andam para aqui de um lado para o outro sem resolução aparente, não encaixam de forma alguma, acumulam até que deixa de haver espaço e aqui é que são elas. Começam as gafes, desdobram-se os enganos, os disparates multiplicam-se ajudando a aumentar a informação existente e a arranjar mais adornos, mais coreografias possíveis e cenas ainda não detectadas anteriormente. Começam os efeitos colaterais...
Essencialmente tristeza. Sim, tristeza...
É triste sentirmo-nos inibidos, é triste ter de encobrir as palavras, é triste calar os sentimentos É triste não poder falar tudo o que nos vai na alma!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

"Descontentamento" Descontente




Porque será que o gato da vizinha é sempre melhor que o nosso?
Porque será que o caminho que seguimos é sempre o pior que poderíamos ter escolhido?
Porque será que a palavra que se ouviu foi, de longe, a que não se deveria ter ouvido, o que se disse é exactamente o contrario do que se deveria ter dito, o que se pensou não se deveria ter pensado, o que se quer não se deveria querer?
Porque será que achamos sempre que podíamos ter feito as coisas de outra forma que não aquela que fizemos?
Porque será que nos arrependemos de algumas escolhas feitas ao longo da vida!
Descontentamento, querer mais e mais e mais. É uma característica engraçada, esta. Faz parte, com certeza, do sentimento de insatisfação permanente que existe dentro de nós. E, este sentimento de insatisfação permanente existe, porque a verdade é que não há nunca um só caminho para qualquer passo que se dê. Cada passo cada escolha, cada escolha cada mistério. Há sempre que enfrentar as consequências das nossas escolhas e o facto de não se conseguir apagar, voltar a trás e recomeçar tudo de novo, faz-nos sempre pensar se não teria sido melhor outro caminho qualquer que não o escolhido, faz-nos sempre sentir aquele descontentamento irritante.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

“Escreve"



"Escreve nas costas das palavras o que sentes e deixa enganar o olhar de quem só te lê”
(Eu Antes de Mim)

Tão simples. Tão certeiro.
Não sei o que pensava o poeta, mas sei exactamente o que sinto no meio destas palavras. É tão fácil fazer-nos esconder atrás de cada palavra. É tão fácil parecer aquilo que não se é, é tão fácil despistar, é tão fácil fingir que não se percebe... Há um mundo em cada palavra!

Mas para quem se conheça bem, nada nem ninguém consegue fazer-se esconder atrás seja do que for, muito menos de simples palavras.