O papel e a caneta
obrigam-me a arrumar os pensamentos mesmo que não escreva
sobre o que me incomoda. Sim, porque nem sempre sei o que me inquieta. Geralmente
desato a rabiscar tudo o que me vem a cabeça. Saem cascatas de palavras
sem nexo e frases sem qualquer fio condutor até que toco no ponto e sei-o no
minuto em que ele de repente saiu. Nesse segundo, os sentimentos saltam e
espalham-se na minha frente como a água do mar a comer a terra depois da onda
rebentar. É certo que se não houver qualquer coisa que a retenha, antes de ela
recolher, metade de toda aquela água se mistura no mar outra vez. É aqui
que a caneta exerce o seu feitiço e que o papel é seu cúmplice. Ela apanha esse
momento e tenta eternizar o sentimento, o papel absorve a tinta e faz com que ela
tome forma, ajuda-a a deslizar sobre ele e os dois numa valsa sem fim rodopiam.
Hoje a dança foi grande.
Sem comentários:
Enviar um comentário