Há pessoas intangíveis. Neste momento, na minha vida, tenho
uma.
Nunca consegui perceber porque é que essa sensação se
instala em mim. Fico sem reacção, sem conversa, sem qualquer tipo de
inteligência emocional, sinto-me pequena, sem voto na matéria, insignificante,
deixo-me ir, oiço, bebo as palavras e os passos, fico completamente rendida à
força e à segurança que emana e tenho uma vontade imensa de agradar e de estar,
mesmo que calada. Não a sinto e isso faz-me confusão. Deixo de ter os meus
sensores activos e fico sem saber se sou bem vinda, se sou “persona non grata”,
se posso falar se devo manter-me calada. Deixo de ter discernimento e bom senso.
Estou ciente de que fico sem graça, sem interesse, amorfa, mas não consigo
mudar o rumo. Consigo sim, sorrir e ficar tão quieta quanto me é permitido para
não ser notada e assim prolongar os momentos sem muitos estragos.
Hoje percebi: uma admiração profunda e um medo enorme de não
ser aceite.
Porquê?
Não sei...
Porquê?
Não sei...
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