segunda-feira, 21 de maio de 2012

“nothing box”


Há coisas que vêm a calhar.

No outro dia lembraram-me e muito bem que existe um espaço na nossa cabeça completamente vazio, a “nothing box” e que, de vez em quando, se entra em “nothing box mode”.

Nunca pensei muito nisto, confesso. Um dia mostraram-me os filmes do youtube, achei graça, ri que nem uma perdida, encaixei e por ali ficou. Não relacionei minimamente.

Agora o assunto voltou à baila e numa simples afirmação eu senti exactamente o que é estar neste “mode”. Na minha linguagem sempre lhe chamei “estar oca”.

Nunca me senti muito bem quando entro neste campo. Sinto-me estúpida, sem conversa, sem ideias, sem pensamentos, sem vontades, sem nada. Deixam-se espaços em branco que só é possível serem vividos em conjunto quando se tem um grande à-vontade no silencio. Se são momentos é mais fácil de disfarçar, se são fases a coisa complica-se e aí, fecho-me no meu mundo. Estes brancos nunca são muito bem vistos vindos da condição feminina.

Hoje, dei por mim sentada na varanda com uma parede à frente dos meus pensamentos. Mal os pressentia eles batiam nela e faziam ricochete voltando para o lugar que lhes pertencia. Quando isto acontece ponho-me geralmente em sentido e tento contrariar e não deixar a cabeça parar.
Estar Oca só me é permitido quando tenho afazeres que me permitam não mostrar aos outros o meu estado. Tirar fotografias é uma delas.
Hoje não, hoje deixei-me dessas coisas, atirei para trás das costas o que podem ou não pensar e dei-me espaço. Não me apetecia ter a cabeça cheia, esvaziei-me. Todas as ligações emocionais entrelaçadas entre si, desligaram-se e eu senti a realidade em directo, sem passado, sem futuro.
Surpresa! Senti-me liberta ou melhor senti nada e nada soube-me bem. Foi então e depois de umas horitas valentes neste “mode” que tomei consciência e percebi que estava na minha “nothing box”. Ela existe também para mim e desta vez não me senti mal, afinal "nothing box" é "nothing box" e não há nada de mal nela.



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