quarta-feira, 14 de julho de 2010

Senhora D. Sabe Tudo mais uma vez


Às vezes achamos que estamos a aprender, mas na realidade estamos a desaprender.

Hoje faz anos 30 anos que morreu Vinicius de Moraes. Isto é aprender!

Também é aprender que Vinicius foi um poeta e que escrevia coisas lindas, cantadas e declamadas e lidas e relidas e pensadas e sei lá mais o quê.

E no dia de hoje, houve alguém que me deu a conhecer (me ensinou), um texto escrito por ele. Por sinal cheio de coisas bonitas, como tantos outros que escreveu.

“Procura-se um amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive. “


Ora bem, isto ficaria por aqui se eu, há uns dias atrás, não tivesse passado por um poema, supostamente de Carlos Drummond de Andrade, que achei lindo e que por gostar tanto, espetei com orgulho num dos meus blogs!

E aqui vai ele:

"PRECISA-SE DE UM AMIGO
Não precisa ser homem, basta ser humano, ter sentimentos.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem imprescindível, que seja de segunda mão.
Não é preciso que seja puro, ou todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Pode já ter sido enganado (todos os amigos são enganados).
Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças e lastimar aquelas que não puderam nascer.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que todos levam consigo.
Tem que gostar de poesia, dos pássaros, do por do sol e do canto dos ventos.
E seu principal objectivo de ser o de ser amigo.
Precisa-se de um amigo que faça a vida valer a pena, não porque a vida é bela, mas por já se ter um amigo.
Precisa-se de um amigo que nos bata no ombro, sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo.
Precisa-se de um amigo para ter-se a consciência de que ainda se vive."


Resultado… Fico sem saber o que pensar!
Se alguém me conseguir explicar, quem é de quem e como e porquê, e o que é que se passa aqui? Eu agradecia.

Eu já sabia que não se pode acreditar em muitas coisas que se lêem na internet e que muitas coisas estão mal assinaladas e mal assinadas. Esta foi uma lição que eu aprendi desde logo que arranquei com o meu primeiro blog.

Deve-se pesquisar e perceber o que está certo e o que está errado, se possível recorrer aos próprios livros e documentação mais fidedigna. Mas, não deixo de ficar extremamente irritada quando me acontece acreditar. E pior do que isso, quando não vou poder tirar teimas tão cedo.

Tenho as minhas certezas e tenho as minhas duvidas, mas perante isto o melhor mesmo é ficar caladinha porque de Senhoras Donas Sabe Tudo está o mundo cheio e eu já sou uma delas.

Hoje vou dormir a pensar nisto...

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