“Estar ao lado de alguém que não fala, é como estar ao lado de algo inerte, a quem nos parece que passa tudo ao lado. Gera-nos insegurança, porque quem não fala, não se dá a conhecer, e ao mesmo tempo alguma antipatia, porque não falar pode significar não querer dar confiança. Ouço o silencio, mas não no entendo, por isso escancaro as portas as portas do silencio. Encontro pessoas com medo de falar, pessoas com baixa auto estima, pessoas inseguras, mas em todas elas há um traço comum: a solidão. Sente solidão aquele fisicamente está sozinho, mas também aquele que não fala. Por isso nunca se cale, e ajude os outros a falar.” Francisco Salgado
Ontem li este texto que fala de como nos sentimos quando estamos ao lado
de alguém que não fala. Quantas e quantas vezes isto não me aconteceu. Alias
parece que sempre vivi deste lado. Sentimos muita, mas mesmo muita insegurança,
desconforto e alguma solidão. Insegurança porque não conseguimos conhecer,
saber, ter cumplicidade, logo não conseguimos ser nós. Desconforto porque para
alem de tudo o que já foi referido não conseguimos ter aprovação e deixamos de
ter chão, Solidão porque de repente estamos sozinhos em “orbita” a dar tudo por
tudo sem receber absolutamente nada.
Estes sentimentos geram muita tristeza e comportamentos estranhos, comportamentos que não reconhecemos em nós e, numa “bola de neve”, apanhamo-nos em situações que nunca na vida imaginaríamos que pudessem ser reais.
Estes sentimentos geram muita tristeza e comportamentos estranhos, comportamentos que não reconhecemos em nós e, numa “bola de neve”, apanhamo-nos em situações que nunca na vida imaginaríamos que pudessem ser reais.
Falar, para mim sempre foi banal. Diria mesmo que muito vulgar. Falar sobre tudo e muito, proporcionou-me tantas vezes o estatuto de loira burra. Mas eu sempre assumi. Quando se fala muito diz-se muitas asneiras mas também gera muitos momentos de alegria e boa disposição, cria empatias e geralmente grandes cumplicidades. Nunca me dei por vencida, nunca parei, mesmo quando me diziam que deveria.
Mas hoje, finalmente cai em mim e apercebi-me que deixei de falar.
Não foi certamente pelo estatuto de loira burra, digo eu, pois esse eu sempre aguentei bem. Nem todos podemos ser iguais, há os mais e os menos e eu nunca entrei em guerras, não me aflige ser menos, sinto-me bem pior quando me sinto mais.
Assim o porquê, não sei. Não sei o quê ou quem me levou a vontade, mas o facto é que deixei de falar e, o pior é que cada vez me sinto mais calada. Não falar, não implica só ser-se mais sozinho e mais triste, implica também menos conhecimento, chegar a menos pessoas, parar na aprendizagem da vida.
E sempre ouvi dizer que parar é morrer.
Cheguei à conclusão de sempre, bom mesmo é as coisas acontecerem quando
têm que acontecer e ter lido este texto ontem abriu-me o espírito. É preciso
combater. Ora então vamos a isso.
"A maior doença do Ocidente hoje não é a lepra nem a tuberculose; é ser indesejado, não ser amado e ser abandonado. Nós podemos curar as doenças físicas com a medicina, mas a única cura para a solidão, para o desespero e para a desesperança é o amor. Há muitas pessoas no mundo que estão morrendo por falta de um pedaço de pão, mas há muito mais gente morrendo por falta de um pouco de amor. A pobreza no Ocidente é um tipo diferente de pobreza – não é só uma pobreza de solidão, mas também de espiritualidade. Há uma fome de amor e uma fome de Deus."
Madre Teresa de Calcutá
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