É preciso reinventar a toda a hora.
Dou por mim a encostar-me ao conforto do conhecido e quando
acordo a coisa não corre de feição. Estou cansada dos mesmos passos, do mesmo
ritmo, dos mesmos sentimentos, da mesma procura, das mesmas desilusões, da
eterna espera. Um “dejá vu” que não tem como se aguentar.
Agarram-se pequenos vícios que são difíceis de reconhecer e
consequentemente de combater. Às vezes não passam de pequenos gestos mas, mesmo
pequenos levam-nos o tempo, roubam-nos a alma, tiram-nos a vida. Quando os
reconhecemos temos dificuldade em larga-los, são os nossos esconderijos, ou
melhor parecem ser a nossa tábua de salvação. Repetimo-los vezes sem conta à
espera de encontrar sei lá o quê! De vez em quando damos o grito do Ipiranga e
decidimos que “acabou”, mas ha sempre o volte face . Funciona como as dietas,
temos sempre uma boa desculpa para voltar atrás, para recomeçar a asneira. Vai
atrás e vai a frente várias vezes até que um dia, eventualmente, conseguimos. É certo que à custa de alguma “infelicidade”,
o que é verdadeiramente estúpido. Sabemos que não passam de vícios, que não nos
levam a lado nenhum, sabemos que se os largamos possivelmente aparecem coisas
novas que nos possam empolgar, mas ainda assim resistimos e resistimos e resistimos.
Faz-me lembrar o que passei quando deixei de fumar.
Há uns dias que ando
com esta na cabeça. Mas não é fácil mudar, o desconhecido é de facto um
verdadeiro quebra cabeças, a vontade não ajuda. Por onde começar, o que fazer,
como, quando?
Esperar por uma “musa” que nos inspire, não é solução. Tudo
o que possa ter encontrado de parecido, desvaneceu-se num ápice, tal e qual o
fumo de um cigarro. Enrola-se nas correntes de ar, começa a subir e... Puff...
Desaparece.
Tudo parece ser tão efémero...
Ficamos resumidos a um trabalho de fundo, bastante ingrato.
Descobrir coisas novas, mesmo que a vontade seja nula. Só assim poderemos um
dia encontrar a pólvora. Dizer esta frase desta forma, faz-me sentir realmente
atrasada mental. Desde quando é que descobrir coisas novas é uma dificuldade?
Desde quando aprender é um fardo? Desde quando arriscar é uma violência ou
experimentar é a morte? Mas na realidade, é assim que nos sentimos em algumas
fases da nossa vida. Arriscar que é bom, é mentira, deixar-nos levar pelos
nossos instintos mais básicos, é o pânico, enfrentar a derrota e recomeçar é
completamente impossível e entregamo-nos ao marasmo do mais do mesmo, remendamos
o que está mal e não conseguimos perceber que o farrapo, apesar de remendado já
não nos aquece no frio do inverno, nem nos protege do sol no verão.
Isto remete-me para a famosa frase:
"If you never try you'll never know"
"Si no escalas la montaña jamás podras disfrutar el paisaje"
(Pablo Neruda)