Hoje deu-me para vasculhar o meu próprio blog. É engraçado
que lendo-me em algumas passagens, pergunto-me se fui eu mesmo que as escrevi.
É que, de vez em quando, até gosto do que escrevo! Mas só consigo gostar, pelos
vistos, muito tempo depois. Depois de me ter distanciado o suficiente, depois
de não me lembrar mais do que senti e até, de me ter esquecido do que disse.
Hoje, li um poema de Pablo Neruda que adoro, já não o via há muito tempo, e li
um “post” onde me pergunto,
porque uso sempre as mesmas palavras e as associo sempre aos mesmos sentidos e
aos meus mais intensos sentimentos.
As cores, os cheiros, a lua,
o sol, o mar. O quente, o frio, o vento, o sonho e mais meia dúzia delas
são as eleitas. Vá lá eu perceber! É o que é e mais nada.
Bem que senti, ao fim destes anos todos, vontade de mudar de
palavras, de sentimentos e de tudo. Bem que eu disse “Quero palavras novas”, bem
que gostaria que o meu coração visse e tivesse novas formas de sentir... Mas
não me parece que isso vá acontecer, pelo menos por enquanto. Até lá, tenho de
me contentar, com as palavras que conheço e que me dizem alguma coisa, mesmo
que seja sempre mais do mesmo. Sou eu, é a minha marca cá na terra, é assim que
vou ser lembrada um dia. O que importa é que gostei de me ler. Há algum tempo atrás,
se me dissessem que eu iria gostar de me ler, eu iria rir a gargalhada e pensar
de mim para mim, NUNCA.
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