Ouvir o que não se gosta tem destas coisas, principalmente
quando não se está a espera e vem de onde não queríamos.
Mas verdade seja dita, às vezes ponho-me a jeito.
É que esta minha faceta de precisar muito e querer
muito ser amiga, de gostar muito dos meus
“amigos”, até demais, leva-me muitas vezes a ser prestável, compreensiva, sincera,
companheira, cúmplice, desculpar o indesculpável, aceitar o inaceitável, esconder
o que não deveria esconder, não falar o que devia ficar dito, rir para não
chorar, blá, blá, blá.... talvez demais para a condição humana em geral. Deixa
pouco espaço para manter a distancia e o respeito. Facilmente é levado como
outras coisas para além da pura amizade. Não que seja isso que me incomode.
Incomoda-me mais perceber que isso dá azo a atitudes impensadas e vulgares que
magoam.
É nestas alturas que me dou conta que isto de querer ser
amiga é muito bonito, mas verdadeiramente desgastante e impossível. Leva-me a
por em causa o conceito de amizade tal como eu a concebo.
Será que ela existe? Será que é só um sonho? Será que é
querer demais?
Os desenhos animados têm estes efeitos, fazem-nos sonhar com
coisas que não existem.
"Enquanto não encerramos um capítulo, não podemos partir para o próximo. Por isso é tão importante deixar certas coisas irem embora, soltar, desprender-se. As pessoas precisam entender que ninguém está jogando com cartas marcadas, às vezes ganhamos e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é."
( Desconhecido-Não é de Fernando Pessoa)
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