Um dia ou melhor um grande grande dia, encontrei quase tudo o
que procurei na minha vida toda.
De certo modo tive a oportunidade que sempre pedi.
Presenciei, acompanhei e saboreei momentos únicos e inesquecíveis. Entrei num
mundo que não era o meu, vivi momentos que não me pertenciam por natureza,
encontrei companheirismo e aceitação, fui verdadeiramente bafejada pela sorte,
presente inesquecível que o universo me proporcionou.
Não sei se algum dia poderei agradecer convenientemente o
tanto que ri e aprendi.
Não sei se algum dia poderei aceitar convenientemente não ter
conseguido parar o tempo.
O verdadeiro
Amor, o antigo, é e continua a ser verdadeiramente inspirador e motivador.
Neste momento fica a saudade, a nostalgia e a alegria desses
momentos fabulosos, vividos intensamente e sem filtros.
Neste momento fica a esperança que um dia eles possam voltar
a ser uma realidade.
Neste momento fica o vazio das palavras que nunca se
disseram.
Neste momento fica o suspiro de um sonho já vivido e outro
que ficou por viver.
O Amor Antigo
O amor antigo vive de
si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda a parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
Carlos Drummond de Andrade, in 'Amar se Aprende Amando'