quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Duas Vidas


Hoje compreendi na perfeição o excerto do poema de Fernando Pessoa.

«Temos todos que vivemos uma vida que é vivida e outra vida que é pensada.»

Eu tenho de facto duas vidas.

A nossa vida vivida, é tão simples!
É a que é e, nada mais.
A nossa vida pensada, dá-nos a sensação de que o mundo é todo nosso, cria-nos um sentimento de insatisfação e muita pressa de viver.
É uma vida muito mais delicada. Nela cabem todos os nossos sonhos sonhados, o que somos, o que não somos, o que gostaríamos de ser e todo um sem número de pensamentos, desejos e quereres.
Ao contrário do mundo vivido, é um mundo grande, cheio, vivo, imbuído de esperança e de ilusões. Dá-nos coisas que não conhecemos, ensina-nos tudo o que não sabemos e alimenta a nossa outra vida. 
Chegamos a ter certezas e sentimentos sobre tantas coisas que não vivemos…

A vida vivida é ou pode virar, um parasita que se alimenta da vida pensada. É preciso ter cuidado e não deixar que a pensada se sobreponha à vivida porque para todos os efeitos, a vivida é a que verdadeiramente vale e é nossa.

4 comentários:

Anónimo disse...

Foi das associações entre texto e fotografia que mais gostei. Para além de adorar fantoches, destes giros coloridos, bem dispostos e desbocados, um bocado de mim quando estou com vocês, os meus amigos com quem estou "em casa". Com vocês não falo através do fantoche, sou o fantoche, para os outros falo através dele... Obrigada por estes momentos de instrospecção e pelas belas fotografias claro!
S

sum disse...

Não tem de quê! :) Sempre por aqui! :) É engraçado ver como as pessoas vêm o que escrevo! Boa S! Obrigada por este bocadinho.

Anónimo disse...

Verdade absoluta essa dualidade! Como o seu texto sobre o sonho. Ser e/ou estar, pensar e/ou imaginar. Intenções reais ou previsões oniricas? Pessoa insiste nessa dualidade quando diz: "O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formámos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o princípio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida" ... entre o que é e o que gostariamos que fosse.
Gosto tanto do que aqui publica! :) Continue.
Ana

sum disse...

Obrigada Ana :) Sim, Fernando Pessoa é mestre em descrever as várias pessoas que cada um tem dentro de si. Ele proprio teve mais de 75 :)