No ponto focado |
Ao fim deste tempo todo a tentar reencontrar-me eis que
percebo que nada mudou mas que tudo mudou.
Hoje sozinha em casa, coisa quase inédita e quase nunca
vista apercebi-me que os medos são os mesmos, os pensamentos são os mesmos, os
sentimentos são os mesmos mas a realidade, essa é outra, completamente
diferente em todos os aspectos. Fiquei incrédula. Como é que é possível?
Reencontra-me que era bom ficou para planos futuros, já que
nestes últimos a coisa não correu muito bem, apesar de eu achar e tudo indicar que
estava no bom caminho.
Aprendi que me fartei, lutei que doeu, vivi mais que em todo
o resto da minha vida, abri mundo ou melhor abri a porta para um mundo novo,
fiz o pino e mortais encarpados, mudei tudo e tudo mudou à minha volta, incluindo
euzinha. Mas o reencontro comigo “ó tá quieto”. Sentir paz e estar sossegada na
minha pele, caminhar tranquilamente sem vacilar, certa dos meus passos... Não,
isso ainda não.
É certo que sempre ouvi dizer que se tem de entrar no caos
para depois começar a construir. Acho que foi isso que consegui fazer até
agora. Deitar a baixo a minha estrutura,
descobrir o lado B, ir até ao precipício.
Será que já cheguei? Será que ainda falta? Apesar de estar a
fazer esta pergunta, sei que não estou a ser sincera. Sei que deveria parar por
aqui, os perigos multiplicam-se exponencialmente a partir de um dado momento.
Mas ficar quieta implica não conhecer o lado B, por isso percebo que o processo
de desconstrução ainda não acabou, a desordem total ainda não se instalou, a
vontade de ir mais além ainda cá mora, a procura de... qualquer coisa que não
sei muito bem o que é, ainda está viva e bem viva. Ando do 8 ao 80 e do 80 ao 8
sem conseguir arranjar aquele meio termo, que estou certa que existe.
Mas acredito.
Acredito, na minha boa vontade de lá chegar, que esse dia
vai acontecer e que estarei consciente disso e viverei intensamente esse
momento. A paz chegará para mim e eu brindarei feliz por a ter encontrado.
“Quando
os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem
moinhos de vento.”
(Érico Veríssimo)
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