domingo, 24 de fevereiro de 2013

Entre passeios e estudos

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Entre passeios e estudos ficou a certeza de que a melhor companhia é aquela que temos na altura, mesmo que seja só a nossa. O prazer que me deu o meu passeio de hoje, só eu sei. A alegria que encontrei em cada passo dado, o contentamento com que dei azo aos meus pensamentos, a felicidade que senti a ouvir as minhas músicas preferidas, o gosto que me deu olhar para aquela imensidão de mar, sentir aquele cheiro, ouvir aquele som, cheguei a ter vontade de dançar, de cantar e de abraçar.
Há uns anos morria de medo de estar sozinha. A minha companhia não era tida em conta nem a considerava como tal. Sentia-me pequenina, sozinha, indefesa, ficava mesmo assustada quando isso acontecia, não sabia o que fazer às mãos, nem o que pensar, assaltava-me uma vontade incrível de chorar, que só parava quando alguém chegava. Paralisava por completo, sem saber o que pensar, o que fazer ou para onde ir. Esta dependência era brutal e quanto mais era mais era. Até que um dia a minha lista de intenções de ano novo teve um novo item: deixar de ter pena de mim própria e mudar. Nascemos sozinhos e morremos sozinhos, então “bora” lá.
Não foi fácil. Era preciso que não paralisasse, era preciso ter atitude, era preciso ter ideias, afastar o medo em vez de o alimentar.
Criar o meu espaço, demorou muito mais de que um dia eu poderia ter imaginado e foi bem mais complicado do que aparentava. Foi necessário encontrar um ou dois portos de abrigo onde me pudesse esconder no caso de não conseguir aguentar, dúzias e dúzias de listas de coisas que sempre quis fazer e que nunca tive tempo ou coragem, desprender-me de alguns preconceitos estúpidos, hipócritas e antiquados, reencontrar alguns valores e conceitos antigos, virar a minha forma de pensar e encontrar novas prioridades com sentido na minha forma de caminhar.
Qual não foi o meu espanto…Os meus valores e os meus quereres começaram a entrar em conflito, mas já não havia volta a dar, o caminho estava já traçado e o anterior já bloqueado. Foi época de muita turbulência, instabilidade e insegurança.
Bastaram alguns aninhos de esforço diário.
Hoje finalmente dei-me conta que começo a ter o retorno deste trabalho infinito. Dei por mim a ter prazer em estar e andar sozinha, em apreciar o que me rodeia, avançar sozinha para sítios que há uns poucos anos a esta parte seria completamente impensável, a ter sonhos muito mais arrojados, a fazer programas sem estar dependente de quem quer que seja e tantas outras coisas que me eram interditas até no pensamento.

Foi uma vitoria e tanto…

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