Preciso de Acreditar
Às vezes tenho pena de não poder falar como falava, de não ter o à vontade que tinha, o disparo, a pouca vergonha ou vergonha nenhuma.
Às vezes tenho pena de ter perdido tanto da confiança, da ternura e do abraço. Tenho pena de não poder chorar porque sim, ou rir sem razão nenhuma, de abraçar quando me sinto desconfortável e com frio, de dizer um “gosto de ti” quando a ternura transborda.
Às vezes tenho pena de não poder ser euzinha, tal como eu gosto tanto de ser.
Não era o que eu queria. Não, definitivamente não era o que eu queria.
Eu preciso a qualquer custo de ser eu.
Eu sou uma criança crescida ou uma crescida que gostava de ser criança, ainda não percebi muito bem.
Preciso de soltar as minhas saídas de miúda pequena, os meus medos infantis, as minhas alegrias naifs.
Preciso de cantar, de fazer asneiras, de rir às gargalhadas,
Preciso de brincar, de dizer disparates,
Preciso que gostem de mim como eu sou e me dêem um colo para eu deitar a minha cabeça quando me sinto sozinha,
Preciso de uma mão que passe pelo meu cabelo quando estou preocupada,
Preciso da segurança de um ombro amigo quando estou insegura,
Preciso do calor de um amor incondicional sempre presente na minha vida, que me conheça, que me perdoe, que olhe para mim e por mim, que me compreenda, que seja cúmplice, que não me leve a mal, que esteja sempre ao pe de mim mesmo que não o esteja fisicamente.
Mas acho que é pedir muito. Tanto, que só uma “mãe” o poderá fazer. Mas “mães” não se arranjam assim! E quando achamos que sim… Logo, logo nos apercebemos de que não é de verdade.
O meu amor é grande. Mas só o consigo dar a quem não desconfia dele e dentro da verdade e do respeito que cada um de nós merece e só consigo receber de quem não tem medo de se dar e de se mostrar, porque só assim consigo acreditar...