terça-feira, 25 de junho de 2013

Um sorriso à primeira hora



Hoje a fazer uma das minhas listas, a das coisas que eu gosto de fazer sozinha, surgiu-me esta, cantar no banho. 

Dei-me conta que nunca mais cantei no banho. Era tão frequente.

Eu fazia  pequenos concertos acontecerem, qual "Lisboa em Si".  
Agua a cair, vozes, letras e lá lá lás trauteados, marteladas no que podia, gritos desesperados de pais e irmãos mal dispostos, toques na porta com os nós dos dedos... palavras a voarem pela casa: cala-te, despacha-te, só fazes barulho, blá blá blá, blá blá blá... E eu... nada, completamente imune ao que me rodeava, continuava nas minhas cantorias e batuques.
O sorriso na cara era uma constante e era geralmente inabalável. 

Hoje, não me lembro de quando foi a ultima vez que cantei no banho. 

Há que retomar estes concertos, lembro-me que  a alma se enche logo pela manha, criando um escudo praticamente inviolável e não há nada de mais precioso que um sorriso à primeira hora. 

"Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinhos,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!"
(Machado de Assis)
 

Nostalgias




A noite, o silêncio, o calor, a lua, a música, o cheiro a verão, as recordações, o sono, o mimo, a saudade, as coisas boas do dia, o desejo, a vontade...
Tudo aliado é bomba.
É bom, muito bom, mas dói na pele, no corpo. É sofrido.
O pensamento não satisfaz o desejo do corpo. O corpo não sente o que o pensamento pede. Gera-se a confusão, instala-se a nostalgia.
O que se sentiu um dia, parece estar à flor da pele mas o que sai são arrepios inquietos cheios de nada, suspiros vazios que enchem os olhos de lágrimas. Não sei se de alegria se de tristeza, porque a certeza daquilo que foi já ninguém nos pode tirar. É adquirido.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Desnecessário

-->

Pensamentos recorrentes

E aqui vai outro...
 
E engraçado perceber que a maioria das pessoas tem um lado de salvador do mundo e da humanidade. Acham, com muita força uma data de coisas e agem em conformidade, verdadeiramente convictas que a decisão tomada é a única possível. Tentam, com todo o esforço que isso implica, mudar a maneira de ser, de pensar e de sentir do seu alvo, mudando simplesmente de atitude, ou enviando sinais que lhes parecem óbvios e decifráveis, mas que para o receptor não têm qualquer tipo de validade, uma vez que a linguagem e a sintonia não é geralmente a mesma.

É um facto que se percebe que alguma coisa mudou,  mas não é um facto que isso mude a maneira de ver e muito menos a de sentir. Ajuda sim  a ganhar uma culpa sem se ser culpada, a sentir um vazio sem explicação, já para não falar no desperdício de tempo e de sentimentos que se gasta a tentar arranjar explicações que possam ser plausíveis para as mudanças em questão. É um esforço totalmente inglório da parte do emissor e um desgaste completamente desnecessário por parte do receptor.
Pelo que assisto e vejo, pelo que senti e por vezes ainda sinto, são atitudes que vulgarmente geram mal entendidos e provocam sequelas quantas e quantas vezes irremediáveis e irreversíveis.
"Achar" qualquer coisa que seja é Perfeitamente desnecessário.

ISSO É MUITA SABEDORIA


Pensamentos recorrentes

ISSO É MUITA SABEDORIA
“Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.”
(Clarice Lispector)

terça-feira, 4 de junho de 2013

A HORA CERTA



Há horas do dia que custam a passar.
Céus!
Tenho de dar a mão a palmatória. Saint Exupery tinha toda a razão quando dizia que o nosso coração começa a estar preparado um tempo antes de uma hora marcada:  

Se tu vens, por exemplo às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!.”

É uma frase que quase não se fala em comparação com as outras, mas é uma das mais emblemáticas para mim. Ela aplica-se a quase tudo o que vivemos.
O compasso de espera e a criação de expectativas tem um desfecho e dependendo deste desfecho “descobriremos o preço da felicidade!.”
É o preço que pagamos por tentar atingi-la.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

A Repensar - "If you never try you'll never know"

 


É preciso reinventar a toda a hora.
Dou por mim a encostar-me ao conforto do conhecido e quando acordo a coisa não corre de feição. Estou cansada dos mesmos passos, do mesmo ritmo, dos mesmos sentimentos, da mesma procura, das mesmas desilusões, da eterna espera. Um “dejá vu” que não tem como se aguentar.
Agarram-se pequenos vícios que são difíceis de reconhecer e consequentemente de combater. Às vezes não passam de pequenos gestos mas, mesmo pequenos levam-nos o tempo, roubam-nos a alma, tiram-nos a vida. Quando os reconhecemos temos dificuldade em larga-los, são os nossos esconderijos, ou melhor parecem ser a nossa tábua de salvação. Repetimo-los vezes sem conta à espera de encontrar sei lá o quê! De vez em quando damos o grito do Ipiranga e decidimos que “acabou”, mas ha sempre o volte face . Funciona como as dietas, temos sempre uma boa desculpa para voltar atrás, para recomeçar a asneira. Vai atrás e vai a frente várias vezes até que um dia, eventualmente, conseguimos.  É certo que à custa de alguma “infelicidade”, o que é verdadeiramente estúpido. Sabemos que não passam de vícios, que não nos levam a lado nenhum, sabemos que se os largamos possivelmente aparecem coisas novas que nos possam empolgar, mas ainda assim resistimos e resistimos e resistimos. Faz-me lembrar o que passei quando deixei de fumar.
Há uns dias  que ando com esta na cabeça. Mas não é fácil mudar, o desconhecido é de facto um verdadeiro quebra cabeças, a vontade não ajuda. Por onde começar, o que fazer, como, quando?
Esperar por uma “musa” que nos inspire, não é solução. Tudo o que possa ter encontrado de parecido, desvaneceu-se num ápice, tal e qual o fumo de um cigarro. Enrola-se nas correntes de ar, começa a subir e... Puff... Desaparece.
Tudo parece ser tão efémero...
Ficamos resumidos a um trabalho de fundo, bastante ingrato. Descobrir coisas novas, mesmo que a vontade seja nula. Só assim poderemos um dia encontrar a pólvora. Dizer esta frase desta forma, faz-me sentir realmente atrasada mental. Desde quando é que descobrir coisas novas é uma dificuldade? Desde quando aprender é um fardo? Desde quando arriscar é uma violência ou experimentar é a morte? Mas na realidade, é assim que nos sentimos em algumas fases da nossa vida. Arriscar que é bom, é mentira, deixar-nos levar pelos nossos instintos mais básicos, é o pânico, enfrentar a derrota e recomeçar é completamente impossível e entregamo-nos ao marasmo do mais do mesmo, remendamos o que está mal e não conseguimos perceber que o farrapo, apesar de remendado já não nos aquece no frio do inverno, nem nos protege do sol no verão.   
Isto remete-me para a famosa frase:
"If you never try you'll never know"

"Si no escalas la montaña jamás podras disfrutar el paisaje"
(Pablo Neruda)