sexta-feira, 26 de abril de 2013

Eterna Espera


Devo estar mais sensível ou coisa que o valha.
Dizem que é da Primavera. Devo dar o beneficio da duvida. O facto é que este cheiro primaveril, os dias compridos, as cores fortes, a inundação dos verdes, o cheiro do sol quente na pele, activa uma carrada de lembranças fortes que estão dentro de mim, geralmente latentes, há anos e anos sem fim.
É verdade ainda, e também, que é nestes dias, em que o tempo começa a aquecer, que reaparecem alguns sonhos recorrentes que me deixam nostálgica e ligeiramente noutro mundo. Aquele meu mundo onde tudo é possível e onde eu sou rainha e senhora da minha vida.
Em sonho, todos os meus sonhos são reais e subsistem mesmo depois de acordada. Fico ligeiramente entorpecida e embrenhada na procura de cada sentido um dia já sentido e espero a cada momento pelo momento da concretização. Um dia será o dia e nesse dia serei eu até ao fim da minha vida. É por esse momento que espero, é por esse momento que vivo.
Sensibilidade à flor da pele? Talvez sim!
Será da Primavera, dos sonhos ou da eterna espera?

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Vá-se lá perceber?



Será que esgotei o meu repertório de palavras? Será que os meus pensamentos fugiram, deixando-me para aqui sozinha? Ou será que me esta a faltar a paixão?
Fases...
Cá está, mais uma vez a vontade... A culpa é toda da vontade!
Esta vontade que tem hora própria e dia certo, que nos limita e nos trai hora sim hora sim e que dispõe de toda a nossa capacidade de expressão.
A vontade, este bicho ora domestico, ora selvagem acompanha passo a passo as nossas vidas manifestando-se nas mais variadas reacções.
É caso para se dizer - Vá-se lá perceber?

terça-feira, 23 de abril de 2013

Pensamentos



Não há gostar nem meio gostar, é tudo uma questão de jogo. Um jogo complicado que aumenta a adrenalina e mexe com os egos.
Um jogo de quem precisa, porque sim, sentir-se vivo.
A vida é assim.
São energias que se têm de libertar, são químicas que nos agitam, são vontades que surgem do nada e do nada se erguem e crescem. Quando as alimentamos, viciam. Pede-se mais e mais, deixando-nos vulneráveis e frágeis.

Tudo tem um inicio. Quem colhe come, quem é colhido é comido. Não sei se isto tem alguma lógica, o facto é que o fruto tem de ser colhido e ou é comido ou apodrece. E quem vai escolher escolhe o que está maduro, o que está bonito ou o que lhe está mais a mão.
É uma visão um tanto ou quanto perturbadora, fria e  e talvez um bocado injusta mas não deixa de a ser.

De vez em quando existe uma visão sonhadora, poética, sentimental, lamechas como a interação borboleta/flor. Simbioses perfeitas, em que cada um dá o que tem de melhor ao outro, ficando os dois intactos e felizes. Eu dou, tu das, eu sou, tu és. Ambos sabem o que esperar, vivem para esse momento e por esse momento.
Todo o processo é bonito, envolvente, intenso chegando mesmo a ser romântico.
Contradições de sentimentos e de ideias é o que é. Nunca saberemos a verdadeira ou em qual acreditar, nunca saberemos qual ambicionar. Uma dá gozo outra segurança. Uma existe outra nem por isso.
Enfim, pensamentos...

"Para não Deixar de Amar-te Nunca  

Saberás que não te amo e que te amo
pois que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem a sua metade de frio.

Amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Amo-te e não te amo como se tivesse
nas minhas mãos a chave da felicidade
e um incerto destino infeliz.

O meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo."

(Pablo Neruda, in "Cem Sonetos de Amor"
)

quinta-feira, 18 de abril de 2013

A Palavra Mágica


 
Todos nós procuramos a nossa palavra, como quem diz, todos nós procuramos a nossa razão de viver.

"A Palavra Mágica
Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.

Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra. "

(Carlos Drummond de Andrade, in 'Discurso da Primavera')

O meu Alentejo


Já que não posso de outra forma, fecho os olhos e estou lá!

"O Meu Alentejo
Meio-dia. O sol a prumo cai ardente,
Dourando tudo…ondeiam nos trigais
D´ouro fulvo, de leve…docemente…
As papoulas sangrentas, sensuais…

Andam asas no ar; e raparigas,
Flores desabrochadas em canteiros,
Mostram por entre o ouro das espigas
Os perfis delicados e trigueiros…

Tudo é tranqüilo, e casto, e sonhador…
Olhando esta paisagem que é uma tela
De Deus, eu penso então: onde há pintor,

Onde há artista de saber profundo,
Que possa imaginar coisa mais bela,
Mais delicada e linda neste mundo?!"

(Florbela Espanca)  

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Um sonho ou uma realidade?





Tento com todas as forças que tenho não me esquecer do sonho, daquela noite. Lembro-me da tranquilidade, da felicidade estampada nos rostos, da ternura do momento, da calma que se respirava, do envolvimento, da cumplicidade, dos gestos, das posições dos corpos, lembro de todas as sensações que me percorreram, lembro-me das pessoas e de todos os seus traços, lembro-me inclusivamente de nao querer fechar aquele momento, lembro-me de cada pormenor, cada sinal, cada olhar. Só não me lembro de ter acordado e ter percebido que tudo aquilo não passava de um sonho.
Ainda hoje o sinto na pele, ainda hoje estou para perceber como foi possível tanta realidade vinda de um só sonho.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Rendição



Existe coisa mais triste do que nada poder fazer?
Há momentos assim.


"Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada.  
Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer."
(Clarice Lispector)

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Palavras


Palavras, não são só palavras, exprimem tudo o que sentimos, o que vemos, o que fazemos... é por isso que me fascinam, me atraem, me seduzem.
Gosto de palavras.
Gosto do jogo das palavras.  Gosto de as ver aparecer uma a seguir a outra , de desvendar os seus segredos. Gosto de saltar de palavra em palavra e de perceber o seu sentido.
Gostava de as saber conjugar. Gostava de as fazer minhas. 
Não sabendo gosto de as saborear quando me tocam.
 
Este não me canso de o ler:

“DOMINGO, 3 DE FEVEREIRO DE 2008
FLIRT

Um olhar, um sorriso
brincas tu
brinco eu
Quem não tiver juízo, perdeu...

Um sabor, um aceno
provas tu
provo eu
Quem beber o veneno, morreu...

Ai esta brincadeira, este arame sem rede...
Esta chuva ligeira que nunca mata a sede...
Ai de quem não souber que o segredo, o mistério
é não levar a sério o que é só um prazer...

Com champanhe na voz
falas tu
falo eu
Se falámos de nós, não pareceu...

Em matizes de charme
brilhas tu
brilho eu
Atenção, se um alarme apareceu...

Ai este jogo antigo, traiçoeira delícia...
Entre sinais de perigo é preciso perícia...
Quem brincar com o fogo não se deixe queimar:
Prometer e não dar é a regra do jogo!

POSTED BY AV

sexta-feira, 5 de abril de 2013

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Sem Horizonte

O horizonte está longe
As pegadas apagam-se
abrindo caminhos desconhecidos
não programados
sem luz, sem cor, sem fogo
sem paixão

Saudades tenho eu
das estrelas e do sonho
da companhia das ondas
dos passos a meu lado
das palavras soltas
dos sorrisos que viraram histórias

Memorias tenho eu
E não sei o que lhes fazer
Se as guardo na alma
Perco-me de mim
Se as largo ao vento
Perco-me de ti
Se as deixo morrer
Morro também

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Tudo tem uma ligação nesta vida.

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A nossa qualidade de vida depende  muito de como estamos nela e de como a conseguimos ver. Nuns momentos é de uma forma, noutros é de outra, há dias mais felizes e dias menos, há fases e fases, há momentos.
A vida é uma linha recta que quando se começa não há forma de dar a volta e voltar atrás, mas há certamente forma de lhe dar a volta e seguir em frente.

Não é a toa que se diz que só damos valor às coisas quando as perdemos.

A vida geralmente dá-nos uma segunda hipótese na sua sequência.
Este momento chega quando nos confrontamos com a morte, seja ela de que maneira for. É aqui que percebemos finalmente o quão importante ela é, e tudo o que ela nos pode dar.  Numa primeira fase o mundo cai-nos em cima, mas a seguir à tempestade vem a Bonança. Deixamos finalmente de dar importância a coisas que anteriormente seria impensável, passamos a ser muito mais selectivos nas nossas escolhas e companhias, não compramos guerras, damos muito mais atenção à beleza que nos rodeia, passamos a contar mais connosco próprios. Finalmente faz-se luz e voltamos a nascer.
É claro que tudo se intensifica, os sentidos ficam à espreita, os instintos amadurecem, os sentimentos ficam à flor da pele, as emoções são mais fortes, o choro  fica fácil e as gargalhadas soltam-se aos sete ventos. Os medos antigos atenuam-se, as palavras saem com outra sabedoria, os pensamentos fluem noutras direções.

Mas nem tudo são rosas, os picos existem, os medos são outros, a facilidade de lidar com eles é que muda.

terça-feira, 2 de abril de 2013

O que for, quando for, é que será o que é.

 

Não é costume repetir posts, mas com a chegada da Primavera, com os sonhos que tenho tido e tudo o que neste mês se passou é caso para isso.
Lá vai:

"O que for, quando for, é que será o que é"  - Será que há palavras melhores para dizer que tudo tem uma hora, tudo tem um dia, tudo tem um preceito, o que for será e contra isso nada há a fazer e que, independentemente do que se passa connosco, o mundo continua a girar e o Sol continua a nascer todos os dias?

 
"Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.  
O que for, quando for, é que será o que é. "
(Alberto Caeiro)