sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

A Verdade


Há uma frase que por vezes me descreve.

Já a tenho guardada há algum tempo à espera do momento certo para a publicar.

Mas o certo é que deixei de acreditar que esse momento venha a existir como que se de uma coincidência se tratasse ou de destino já escritinho para mim. Assim resolvi fazer eu o meu momento.

"A verdade de outra pessoa
não está no que ela te revela,
mas naquilo que não pode revelar-te.
Portanto, se quiseres compreendê-la,
não escutes o que ela diz,
mas antes, o que não diz."

(Khalil Gibran)

Esta frase tem um dos mistérios que se esconde em mim e acredito que na maioria das pessoas que conheço.


Não me atrevo a generalizar ao ponto de dizer que existe, em maior ou em menor grau, em toda a gente que se preze e se intitule como gente. Mas tenho a audácia de dizer que, sim, consigo ver este sentido em quase toda a gente que conheço.

Há ainda uma música que associo a esta frase. Que fez ligação directa assim que a ouvi.

Talvez porque :


No meio do silêncio se pode por vezes sentir a verdade de um olhar.



“Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro o amor em teu olhar
É uma pedra
Ou um grito
Que nasce em qualquer lugar

Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal aquilo que sou
Sou um grito
Ou sou uma pedra
De um lugar onde não estou

Às vezes sou também
O tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar
Às vezes sou também
Um sim alegre
Ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão

Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro as palavras por dizer
É uma pedra
Ou um grito
De um amor por acontecer
Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou
E esta pedra
E este gritoS
ão a história d'aquilo que sou “

(Maria Guinot)


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Pontes entre Nós


Eu tenho o tempo,
Tu tens o chão,
Tens as palavras
Entre a luz e a escuridão.
Eu tenho a noite,
E tu tens a dor,
Tens o silêncio
Que por dentro sei de cor.

E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.

Eu tenho o medo,
Tu tens a paz,
Tens a loucura
Que a manhã ainda te traz.
Eu tenho a terra,
Tu tens as mãos,
Tens o desejo
Que bata em nós um coração.

E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.

(Pedro Abrunhosa-Luz)

Paixão


"As paixões são como as ventanias que incham as velas do navio. Algumas vezes o afundam, mas sem elas não se pode navegar."

(Voltaire)

A Vida é Simples


"A vida é mais simples do que a gente pensa; basta aceitar o impossível, dispensar o indispensável e suportar o intolerável."

(Kathleen Norris)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Pensamento do Dia


"Um dia disseram-me que temos de ser directos com as pessoas e dizer-lhes aquilo que achamos que fizeram de errado, mesmo que isso nos custe e nos traga muitos problemas.

Eu respondi que se fizesse isso, até podia perder muitos amigos. E disseram-me então assim:


Os verdadeiros amigos não te abandonam."

Autor desconhecido

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Hoje lembrei-me de ti


Acabei de passar pelo teu blog e continuas sem escrever

Gostava que soubesses que gosto de ler o que escreves. Já não é novidade. Mas não quero deixar de reafirmar.

Gosto dos teus poemas De todos os que já li, e tenho lido alguns, os teus são os mais misteriosos, são os que leio e tenho de ler e reler outra vez.

A cada entoação que se dá, há uma forma diferente de se ver.

Não cansam.

Podem não ser os mais perfeitos de sentido, podem até não ser os mais bonitos, mas são certamente os que mais me despertam os sentidos em todos os sentidos.

Curiosidade de saber o que queres dizer com a vontade de descobrir o que eu quero sentir.

A interpretação é difícil e nem sempre consigo lá chegar. Estar em ti em mim não é fácil, mas só assim eu consigo, ou acho que consigo, ver o que tens para nos dizer.

Os poemas são isso mesmo, ou pelo menos o que eu acho que são (ver Li Coisas Lindas).

Este é o teu grande desafio, escrever. E para nós fica o que deles conseguirmos tirar com a nossa experiencia de vida.

E assim te peço

Não deixes de escrever!

O teu escrever preenche um bocadinho dos vazios que se criam nos nossos sentires.

Como vês o que escreveste na tua primeira publicação, deixou de ser verdade.

Domingo, Abril 03, 2005

Escrevo…

Escrevo hoje, na certeza de que ninguém lerá. E como tal, não escrevo comentários. Escrevo hoje, porque a vontade de escrever ultrapassou há muito a certeza do que dizer. E os dedos soltam-se sobre o teclado numa vontade incontrolável de soltar palavras e ver frases crescerem no monitor.
Estranha a sensação de publicar sem na verdade dar a conhecer a existência do publicado e sabendo que não há público.
É hoje um dia marcado pela morte e pelo nascimento destas palavras…”
Publicado por Eu
Antes de Mim

E como prova aqui vão dois dos que eu mais gosto


Escreve

Escreve nas costas das palavras o que sentes e deixa enganar o olhar de quem só te lê”
Publicado por
Eu Antes de Mim


Alma

Por dentro desta muralha de ferro
Se esconde uma frágil alma
Temendo por um dia ser descoberta
Com medo de algum dia sofrer
Ao ponto de não sobreviver “
Publicado por
Eu Antes de Mim


O Que Tinha de Ser


"Porque foste na vida
A última esperança
Encontrar-te me fez criança
Porque já eras meu
Sem eu saber sequer
Porque és o meu homem
E eu tua mulher
Porque tu me chegaste
Sem me dizer que vinhas
E tuas mãos foram minhas com calma
Porque foste em minh'alma
Como um amanhecer
Porque foste o que tinha de ser"

Vinicius de Moraes / Antonio Carlos Jobim

Lá no fundo


E quando menos espero eis que oiço o que não pedi para ouvir.

Já lá vão uns quantos momentos destes.

Uns bons e outros maus.

Hoje foi um bom.

É sempre bom ouvir falar bem de quem se gosta. Ouvi, ouvi, ouvi. Calada no meu canto, o meu coração batia cada vez mais rápido e sorria. E no fim quando todos já tinham dado as suas contribuições e opiniões, e finalmente olharam para mim, não precisaram de dizer nada. Na minha cara devia estar espelhado todo o meu espanto e a minha felicidade eufórica mas aquieta.

Ouve quem não gostasse do que viu em mim naquele preciso momento. Mas também não posso, não quero e não vou parar para explicar todo o meu mundo interior, que nunca ninguém em tempo algum pareceu dar importância.

Só começam a dar importancia, claro, quando o coração nos sorri e ninguém sabe porquê, como foi o caso. Aí sim, há quem se vire para nós com a curiosidade de abutre para tentar perceber qual o motivo do brilhozinho nos olhos. Tarde de mais, o que nunca saiu porque nunca ninguém quis saber, agora também já não quer sair para esse alguém.

Os mundos interiores de cada um são geralmente muito mais ricos do que os mundos exteriores. E para quem gosta de conhecer esses mundos um bem-haja, eles são a nossa maior riqueza, são a nossa verdadeira identidade.

Certo que se ouve dizer por aí que o importante é o que se mostra e não o que está lá no fundo, dentro de nós.

Até poderia concordar mas não concordo.

Mais um sonho sonhado


Hoje tive um sonho. Um sonho bonito. Um sonho, onde eu era a protagonista.

Nele eu arrisquei a vida, nele eu fui heroína. Nele eu enfrentei os meus medos, e cheguei onde quis. Estive rodeada de tudo o que de bom se pode ter. Sonhar assim, nem dá vontade de acordar.

E quando o despertador tocou, dei-lhe uma sapatada para se calar e fechei os olhos com muita força para ver se não perdia aquele momento. Ao fim de um bom bocado dei conta que o meu sonho já não era mais do que toda a minha vontade de o ver concretizado, já não o estava a sentir. As imagens passavam sem cor, sem intensidade. O bom deu lugar a um vazio interior que transformou a serenidade numa inquietude imensa.

Mas pouco importa! Porque o importante do sonho já estava comigo e deu cor ao meu dia.

Mais um sonho sonhado. Mais um momento bonito. Mais um dia vivido. Mais uma luta para travar.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Jogo de Sedução


Que me desculpe a AV, de tantas vezes a nomear. Já para cima de umas tantas. Mas o facto é que seja lá pelo que for (idade, sexo, proximidade de residências, what ever), tem tocado em alguns pontos que me fazem parar e pensar. Pensar e sentir aquilo que algures na minha vida já senti e nunca consegui escrever. Não por vergonha, ou outra coisa qualquer assim deste tipo, mas pura e simplesmente porque não sei como. Por falta de vocabulário, por falta de expressão, por falta de síntese. Fica tudo uma lamechice, muito possidónio, muito brega.


De repente, olho para o lado e vejo espelhado todo o meu sentimento de uma forma tão simples que quase podia ter sido eu a escrever. Só falta o quase, claro!

Quando isto acontece só me apetece fazer como a “Outra”, passar para este meu canto tão meu, e fingir que são palavras minhas, para que possa lembrar e relembrar as passagens (coisas) da minha vida. Como não posso, lá tenho eu que me resignar e reduzir à minha insignificância, nomeando quem de direito para fazer das palavras delas as minhas.

Que trapalhada, cá está, parece uma das “lições do Tonecas”. Já por aqui se consegue perceber o que tenho vindo a tentar explicar.

Assim, mais uma vez a AV que me perdoe, pois tem sido uma dessas vitimas, juntamente com algumas outras tantas com quem me tenho identificado.

“DOMINGO, 3 DE FEVEREIRO DE 2008

FLIRT

Um olhar, um sorriso
brincas tu
brinco eu
Quem não tiver juízo, perdeu...

Um sabor, um aceno
provas tu
provo eu
Quem beber o veneno, morreu...

Ai esta brincadeira, este arame sem rede...
Esta chuva ligeira que nunca mata a sede...
Ai de quem não souber que o segredo, o mistério
é não levar a sério o que é só um prazer...

Com champanhe na voz
falas tu
falo eu
Se falámos de nós, não pareceu...

Em matizes de charme
brilhas tu
brilho eu
Atenção, se um alarme apareceu...

Ai este jogo antigo, traiçoeira delícia...
Entre sinais de perigo é preciso perícia...
Quem brincar com o fogo não se deixe queimar:
Prometer e não dar é a regra do jogo!

POSTED BY AV

Ia eu dizendo, que gosto de coisas com as quais me consigo identificar.
E este, deve ser provavelmente dos poemas que li, aquele que melhor espelha (parecem-me ser estas as palavras), um dos jogos mais bonitos de se jogar nesta vida.

Falamos do que chamo de “jogo de sedução”. Sim, um dos jogos mais bonitos de se jogar, quando bem jogado. Quando jogado limpo, claro. Quando mal jogado ou jogado com alguém que não respeita as regras… Sai de baixo.

É de facto “atravessar um arame sem rede”.

Mas como já falado, palavras para quê. Está tudo dito.

É ler e reler, perceber e sentir o efeito de cada palavra.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Para uma Grande Amiga


“É bom sonhar, mas melhor é viver os sonhos”.

Dizes isso com tanta certeza que me fazes acreditar que viver os sonhos, por si só nos torna felizes.

Que assim seja.

Gostava de ser como tu.

Gostava de me conseguir atirar para a vida com toda essa tua convicção.

Vivendo e aprendendo.

Muitos e muitos dias destes.

Bons Sonhos

Para ti esta musica

Cada Lugar Teu




“Sei de cor cada lugar teu
Atado em mim, a cada lugar meu
Tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
Tento esquecer a mágoa
Guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim, protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
Sem ter defesas que me façam falhar
Nesse lugar mais dentro
Onde só chega quem não tem medo de naufragar…”
Mafalda Veiga

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Sabe bem voltar-te a ver


Tantas vezes que passei por esta musica e ela nunca me disse nada de especial. Sim era bonita. Mas nada de mais. Nunca a ouvi com atenção, apesar de saber que ela tem letras bonitas, nunca prestei atenção a esta. Porque será que desta vez quando a ouvi, ela fez um Click em mim?

Estas coisas dão que pensar.

Pois então, enquanto penso, aqui fica a letra e a musica de Mafalda Veiga, que vi no blog “O meu cais”, e que fez click em mim, sem eu saber o porquê.
(Obrigada Sofia)



Fim do Dia

“Esperei-te no fim de um dia cansado
À mesa do café de sempre
O fumo, o calor e o mesmo quadro
Na parede já azul poente
Alguém me sorri do balcão corrido
Alguém que me faz sentir
Que há lugares que são pequenos abrigos
Para onde podemos sempre fugir

Da tarde tão fria há gente que chega
E toma um café apressado
E há os que entram com o olhar perdido
À procura do futuro no avesso do passado

O tempo endurece qualquer armadura
E às vezes custa arrancar
Muralhas erguidas à volta do peito
Que não deixam partir nem deixam chegar

O escuro lá fora incendeia as estrelas
AS janelas, os olhares, as ruas
Cá dentro o calor conforta os sentidos
Num pequeno reflexo da lua

Enquanto espero percorro os sinais
Do que fomos que ainda resiste
As marcas deixadas na alma e na pele
Do que foi feliz e do que foi triste

Sabe bem voltar-te a ver
Sabe bem quando estás ao meu lado
Quando o tempo me esvazia
Sabe bem o teu abraço fechado

E tudo o que me dás quando és
Guarida junto à tempestade
Os rumos para caminhar
No lado quente da saudade”

Mafalda Veiga

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Como Era Nunca Mais Será


Porque sou assim?
Porque tenho tanto para dar, tanta intensidade de vida, tanta vontade de agradar, tanto acreditar?
Porque teimo em acreditar nos outros?
Porque insisto em tentar acreditar em mim?
Porque me dou a causas perdidas?

Porque me falta o que nunca senti, o que nunca tive, o que nunca experimentei, o que nunca me deram?

Porque tenho esta necessidade estúpida de ser amada, quando nem sequer sei ao certo o que isso é?

Porque sonho à semelhança daquilo que sinto, daquilo que tenho para dar, daquilo que gostaria de receber?

Porque sou incapaz de mostrar abertamente tudo o que me vai na alma?

Porquê tanto medo?

E quando começo a acreditar, eis que desaparece. E quando isso acontece...Que sensação mais estranha, que vazio, que tristeza tão grande. Parece que se perdeu alguma coisa.

E que certeza mais certa,

Como era nunca mais será.

E esta minha fase foi, ou será que ainda é?

Encadeamento de Ideias


Uma coisa que foi, nunca mais é.

Tanto as coisas boas como as más, o que são hoje e o que foram ontem, nunca mais serão.

Esta é, sem duvida uma das nossas maiores dores de cabeça.

Passamos uma vida à procura do que foi.

A eterna comparação.

Quando é sofrimento, hoje é um bocadinho menos do que o de ontem.
Quando é amor, hoje é um bocadinho mais do que o de ontem.
O contrário também não deixa de ser verdade.
Quando é sofrimento, hoje é um bocadinho mais do que o de ontem.
Quando é amor, hoje é um bocadinho menos do que o de ontem.

É como as fases da Lua. Lua Crescente e Lua Decrescente. A fase crescente acaba quando atinge a Lua Cheia, a fase decrescente acaba quando a Lua desaparece.

Eu sou como a Lua. Todos nós somos como a Lua. A nossa vida, os nossos sentimentos, as nossas atitudes, são como a Lua. Inevitavelmente temos fases.

Fases boas e fases menos boas, fases interessantes e fases menos interessantes, fases “de andar escondidas, fases de vir para a rua…”

“Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...”

Cecília Meireles

E porque temos fases, eu estive numa fase. E agora, estarei noutra?

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Balada


"Amei-te muito, e eu creio que me quiseste
Também por um instante nesse dia
Em que tão docemente me disseste
Que amavas ‘ma mulher que o não sabia.

Amei-te muito, muito!Tão risonho
Aquele dia foi, aquela tarde!…
E morreu como morre todo o sonho
Deixando atrás de si só a saudade! …

E na taça do amor, a ambrosia
Da quimera bebi aquele dia
A tragos bons, profundos, a cantar…

O meu sonho morreu… Que desgraçada!
………………………………
E como o rei de Thule da balada
Deitei também a minha taça ao mar …"

Florbela Espanca - Trocando olhares - 08/08/1916

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Um Abraço

O que um abraço pode fazer!

Um abraço é dar
Um abraço é receber
Um abraço não é só amar
Um abraço é bem-querer
Um braço é não negar
Um abraço é partilhar
Um abraço não é tudo o que podemos dar e receber, mas é muito daquilo que precisamos para viver.


Um Abraço para mim significa colo, protecção, um abrigo seguro, um refúgio silencioso, uma palavra amiga, um consentimento calado, um amparo. Significa que alguém está incondicionalmente connosco, não abre mão de nós e principalmente que não estamos sozinhos.

Um abraço significa entregar o nosso espírito. É entregar de bandeja toda a nossa fragilidade, é partilhar a dor ou alegria, é equilibrar o calor dos corpos.

Entregar-me num abraço significa que me dou de alma, que abro o meu coração. Que estou disposta a dar e entregar tudo o que posso.

Um abraço é aquele colo que precisamos de vez em quando.

É sério! Muito sério…

Ganhar um abraço na hora certa é um mimo para a alma, que nem toda a gente tem a sorte de receber.

E estava eu a ler um blog, que por vezes consulto, e deparei-me com a seguinte mensagem e consequente resposta:

“…Como dar um abraço?Faça o seguinte: abra os seus braços e receba no seu corpo a pessoa que deseja abraçar e envolva-os no corpo dela. Aperte no pescoço (não o pescoço), nas costas e/ou na cintura. Não com muita força, para não a magoar, mas com a intensidade que desejar. Fica ao seu critério! Depois é ficar assim, perdido num abraço, o tempo que quiser (pode ver pela imagem).

Feche os olhos e deixe-se abraçar também.Se for um abraço romântico até pode levantar, levemente, o abraçado no ar. Se for um amigo que não vê há muito tempo, pode dar uma palmadinha nas costas ou prolongar o abraço. Faça o que sentir!...”

Publicada por Sofia em 12:40 em “O Meu Cais”

Resposta:

Huckleberry Friend disse...

“…E da risada à lágrima furtiva vai um só passinho. Com a face corada pela citação, leio e releio (mas não tresleio) as tuas dicas sobre como abraçar. Quero decorá-las e treinar muito... para que nunca chegue um dia em que não saiba abraçar, mas sobretudo para recordar cada passo com os cinco sentidos e voltar a receber todos os abraços que a vida já me deu - sobretudo os que mereci - e todos os que já lhe consegui dar. E os nossos, sereia do cais... de duração e intensidade variáveis, mas com a deliciosa constante de depressa deixarmos de saber quem começou por abraçar quem. Um beijo…"
Esta descrição do que é um abraço e a respectiva resposta, são uma verdadeira delícia. Fiquei parada a olhar vários minutos. "Li e reli (mas não tresli)".

Fez-me lembrar alguns momentos, algumas passagens da minha vida, em que apenas um abraço me fez reviver.

Tenho saudades

Encontrei ainda a descrição de um tipo de abraço que amei:

“ABRAÇO DE UMBIGO: É um abraço onde os umbigos se tocam. È um abraço de abertura que expõe a nossa intimidade afectiva ao outro. É aquele que recebe e transmite carinho, como se os canais de energia se abrissem, e um pouquinho de nossa essência fosse para o outro, e um pouquinho da essência do outro viesse para nós.”

Um abraço não é tudo, mas é muito.


domingo, 10 de fevereiro de 2008

Estado de Espírito


Estes dias lindos, geralmente não correspondem ao meu estado de espírito.

Por vezes tornam-se uma afronta ao que vai dentro de mim. E eu fico ainda mais nostálgica.

Não é o caso! Hoje está tudo nos conformes.

O dia está lindo, eu estou linda. O mar está perfeito eu estou perfeita.

O sol está a bronzear e eu estou a ficar bronzeada. A temperatura está amena tal como eu me sinto amena.

A brisa pavoneia-se trazendo o cheiro da maresia e todos os pós de perlimpimpim, que eu apanhei de uma só inspiração.

O sol, ao reflectir nas palmeiras transforma-as em imponentes árvores de folhas verdes e
brancas de brilho e dá-lhes a vida que hoje me sinto ter.

Os pássaros cantam escondidos nas árvores, desafiando quem passa a apreciar com calma, toda a natureza resplandecente que nos rodeia e eu senti-me convidada a cantarolar para os acompanhar.

Hoje está tudo no sítio certo à hora certa.

De um lado o mar está azul do outro prata.

Assim dá gosto.

E hoje, dia diferente do de ontem, as 12 palavras que “dançam à minha volta”, são:
Sol, Mar, Ameno, Brisa, Envergonhado, Pavonear, Resplandecente, Perlimpimpim, Imponente, Brilhar, Vida, Cantarolar,.

São muito mais redondas, muito mais coloridas que as do outro dia.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Grande Desafio


Grande desafio este, hoje já li aqui coisas que me fizeram pensar, e é mesmo disto que eu gosto. Comecei por ler a seguinte mensagem na Porta do Vento:


"
Palavras minhas
Pede-me a
Leonor Barros que nomeie as 12 palavras de que mais gosto. Difícil tarefa, escolher só 12. Adoro palavras e tenho a veleidade de achar que sou correspondida. Gosto de dizê-las, de escrevê-las, de repeti-las mentalmente, soltas ou em combinações caprichosas que elas próprias tratam de compôr. Dói-me quando as maltratam, como se fossem gente, e alegro-me quando as glorificam. As palavras são um brinquedo eterno e universal, além de absolutamente democrático: todos temos acesso a elas, ao seu mistério, à sua beleza, ao seu peso específico. Com palavras se pode dar vida e com palavras se pode matar. Mesmo os silêncios são feitos de palavras imaginadas, sonhadas, desejadas ou temidas. As palavras dançam à nossa volta durante uma vida inteira, a convidar-nos para o seu baile alucinante. Dancemos com elas.
Vamos às minhas preferidas, então. Não me detive no significado mas talvez na fonética, ou apenas no misterioso eco interior que cada uma delas provoca em mim, sem razão aparente. Aqui estão:
MaresiaAreiaMadrugadaBaíaLuzDelíciaCambraiaVentaniaPeleSilêncioVoragemIlha
Parabéns pela ideia, Leonor. O exercício é estimulante, ao contrário de algumas correntes que andam por aí na blogosfera. E passo o desafio a 12 amigos blogueiros (um por cada palavra preferida):
Teresa, Mariav, Capitão-Mor, JuliaML, Pedro Viegas, Jayme Serva, African Queen, RAA, Lord Broken-Pottery, Adelaide Amorim, Sofia e Feitixeira, porque todos eles são gente da palavra. E de palavra."

Posted by av


Gostei sinceramente desta última frase “… misterioso eco interior que cada uma provoca em mim, sem razão aparente….” É mesmo o que determinadas palavras me provocam.
Resolvi, mesmo sem ser chamada, fazer este jogo de mim para mim e escolher eu própria 12 palavras pelo seu “misterioso eco interior que cada uma provoca em mim, sem razão aparente.”:

Simples
Sonho
Sentido
Sofrido
Sombra
Mar
Vento
Brisa
Abraço
Beijo
Amor
Vida

Engraçado que elas, palavras, foram saindo, uma a uma sem grande esforço e todas elas no encadeamento das anteriores. No entanto, palavras são palavras e valem o que valem enquanto tal e como tal.

Dizem-nos hoje o que amanhã poderão não dizer e tocam hoje o que poderão não tocar amanhã.
Mais simples, hoje podem ser estas, amanha outras.


É engraçado que, apesar de ter tido e escrito um diário toda a minha vida ou pelo menos desde que me recordo de mim própria, não me lembro de ter dado tanta importância às palavras como de há uns tempos para cá.
Sempre tentei pôr o que sentia no papel, mas nunca dei muita importância ao que escrevia, não olhava muito para trás, não relia. Enfim, só desabafava. Hoje dou por mim a tentar escrever aquilo que me está na alma, ou esteve de alguma forma. Obvio que não consigo, pelo menos com a dignidade do sentimento em si. E também é obvio que o meu português brega que “maltrata” as palavras, não ajuda a compor qualquer coisa de jeito.

Mas de vez enquanto, e para dar uma certa pinta ao meu cantinho, vou tomando a liberdade de transcrever uns quantos poetas e escritores. Assim vou de alguma forma colmatando as minhas grandes limitações ao mesmo tempo que vou transmitindo alguns dos meus sentires mais profundos.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

qUE dIA


A sensação, é de que foi uma correria. De um lado para o outro, de trás para a frente e vice versa.

Mas pensando bem, ou por outra parando para pensar com calma, a única coisa que correu o dia todo foi a minha cabeça. Porque euzinha que é bom nem por isso.

Logo, hoje não é o melhor dia para escrever o que quer que seja, sob pena de metade das palavras ficarem pelo caminho, tal é a pressa de pensar e de escrever.

Juntando a este rodopio a minha dislexia, os meus erros de ortografia e o não saber escrever, amanha, no mínimo, vou apanhar um susto.

Se não houvesse corrector ortográfico estava tramada, pelo menos numa primeira fase. Já numa segunda fase...

Muitas vezes a vergonha é quando o corrector passa por cima das palavras e reconhece-as como bem escritas se bem que não estão dentro do contexto. Se é que me estou a explicar bem…

Ex: “Parando para pesar com alma”, “tal é a presa de pensar”, “Juntado e este rodopio”. E como estas deve de haver muito mais só neste bocadinho de texto. Estas foram só as que eu apanhei quando reli o texto, e sabe-se lá como.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Sempre a Aprender

Hoje passei o dia à procura da Santa Teresinha do Menino Jesus.

Foi preciso ter de fazer a pagela da Minha Avó para saber quem foi a Santa Teresinha do Menino Jesus. E saber reconhecer a Santa no meio de tantos Santinhos.

Santa Teresinha do Menino Jesus a Santa das rosas, a Santa do Amor.

Aprendi ainda algumas orações que nunca tinha ouvido na vida e fui informada de que “Camara” do meu nome não tem acento circunflexo no a.

Onde terei andado eu toda esta minha vida????

Quanto mais anos passam mais me sinto burra.

Simmmmm… Eu sei que estamos sempre a aprender! Mas, estas, são coisas básicas da vida. O nome da minha Família? Pela Santa! Que vergonha.

Mas deixando de lado as vergonhas. E tentando ver o lado positivo da coisa. Pelo menos aprendi. O que quer dizer que ainda cá estou e disposta a aprender. Já não é nada Mau.
Vamos então ao que aprendi hoje, Santa Teresinha do Menino Jesus:







E uma bonita Oração:

Ó Menino, meu único tesoiro!
Abandono-me aos teus divinos caprichos
e não quero outra alegria senão a de fazer-Te sorrir.
Imprime em mim as tuas graças e virtudes infantis,
para que, no dia do meu nascimento no céu,
os Anjos e os Santos reconheçam em mim
a tua pequena esposa,
Teresa do Menino Jesus.
As Orações são reconfortantes nos dias como o de hoje.
É bom acreditar que acima de nós existe um Deus que nos ama incondicionalmente.
É bom saber que nestas horas andamos ao colo, mesmo sem que nos consigamos aperceber.
É bom saber que temos, algures naquilo a que chamamos de Céu, pessoas que amamos e que nos amam, que olham por nós e nos aconchegam com a sua Imagem.

Morrer sem ter um colo


Eu sabia que este texto da Luisa Castel-Branco, um dia viria a propósito.

Eu sabia que, um dia, me ia saber bem lê-lo com toda a atenção e que iria retirar dele o conforto que ele me trouxe hoje. Por isso o guardei. E hoje, até parece de propósito, caiu de novo nas minhas mãos.

Coincidências?

Talvez!

“Nunca ninguém me pegou ao colo, me embalou, tomou conta de mim e me levou para os seus.
É assim que vou morrer, sem saber o sabor da acalmia da mente, da alma, como uma praia infinita de areia branca e águas transparentes, uma floresta de múltiplos verdes em que o vento deposita uma dança maravilhosa, numa melodia impossível de descrever.
Vou morrer virgem de tantas coisas, de tantos sentimentos e sensações que nunca provei, que não sei como são.

Se o destino existe, e se ele se prende com reencarnações sucessivas, a essa e a outra que virá um dia eu desejo a paz de espírito, sem assombros de fantasmas da infância, sem o peso de todas as responsabilidades e principalmente sem esta lucidez que, como um espelho gigante e multifacetado, mostra-me clara e nitidamente os meus erros, omissões e faltas. Tenho saudades do que não conheço, mas que revejo na vida dos outros.

Tenho pena desta minha experiência, desta passagem pela vida, tão imperfeita, tão pouco tantas coisas e tantas outras.

O irónico é que, desde que me lembro de ser gente, sonhei com esse colo, esse abraço protector, esse escudo contra o medo, as tempestades, os desgostos ridículos e as amarguras de lágrimas de raiva e sangue.

Sonhei-o, a esse meu cavaleiro andante. Nada de especial, nada de fantástico. Apenas alguém suficientemente bom, inteligente e capaz de me amar como sou, de me conhecer para além do óbvio e de me cuidar, como se fosse um pedaço de jardim, um livro antigo ou uma peça sem outro valor senão o da saudade.”

Destak/Instantes/Luisa Castel-Branco

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Publicidade

Hà alguns anúncios estupidos... mas com graça...

Passa Nada


Tenho andado a navegar todo o dia na vida e um bocadinho na net.

Na minha cabeça não passa nada. Está vazia, passa beije.

Por um lado tudo de bom, por outro parece que a qualquer altura a ficha vai cair e eu vou com
ela.

O dia de ontem foi espectacular e a noite ainda melhor. Tudo aconteceu com naturalidade. Não esperei que estivesse pronto, eu própria aprontei tudo o que me apetecia e aquilo que não consegui aprontar, deitei para trás das costas e relevei.

Ontem tomei uma decisão na minha vida. Nada de criar expectativas nesta cabecinha tonta.

Boa decisão. Pareceu-me bastante adulta.

Será que foi mais um pequeno passo no meu processo de crescimento já bastante demorado e
retardado.

Tem graça que já não é a primeira vez que oiço dizer “que nunca se cresce para certas coisas”.

Sinto tanta verdade nesta frase! Só que, para mim, é mais “não cresço nunca, em aspecto algum, nem de forma nenhuma.” Não, não é finca-pé. É só porque sinto que é assim.

De facto só consigo crescer em tamanho. Para cima e para os lados. De cabeça, essa nem se digna a pequenas alterações. Não cresce e parece ter raiva de quem consegue crescer.

Tenho um amigo que faz questão de crescer de cabeça (ou de parecer crescido). Tem todas as certezas do mundo. Diz sempre tudo acertado, está sempre correctamente vestido para cada ocasião, faz questão de fazer tudo como manda as regras, tudo o que apregoa e defende é tudo quanto os meus “bisavós” (que Deus os tenha), deixaram escrito em Bíblias intermináveis de “como se portar bem e ser crescido”. Dá-se ao luxo de, inclusivamente, julgar e criticar todos os que o rodeiam, à luz de um crescimento… sei que nome lhe dar. Coitado! Cada vez que fala e tenta transmitir a sua ideia eu sinto a sua infelicidade, a sua tristeza.

Vejo esta Infelicidade, ou parte dela, como não conseguir libertar a criança que tem dentro dele, para além de toda a repressão que é feita de uma forma tão sofrida. Tão crescida!

Não que eu não queira crescer para não ser infeliz, nada disso, só acho que realmente as tristezas e as coisas más fazem crescer e se não crescemos foi porque a vida está a ser boa para nós.

E aqueles que não conseguem aproveitar isso não sabem o bem que têm nas mãos.

Este meu amigo, das duas três, ou teve experiencias muito beras, sem eu ter dado por isso (coisas da vida dele para com ele) ou, é assim, porque acha que o deve ser. E é aqui que a vida dele se torna séria. Séria demais.

Ora, nem eu estou bem, nem ele. Nem 8 nem 80.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Duas Quadras


"Não sei se tens reparado
Quando passeia, o luar
Pára sempre à tua porta
E encosta-se a chorar:

E eu que passo também
Na minha mágoa a cismar
Para junto dele, e ficamos
Abraçados a chorar!!! "

Florbela Espanca


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

A Minha Avó Partiu



Partiu aquela que se tornou a minha grande ligação com o passado, a minha âncora, a minha última referência.

Partiu aquela cara linda, aquela figura materna e cheia de ternura, aquele cabelo branco, aquele sorriso meigo e cheio de vida. Ficava aqui a noite toda a tentar descrever aquela que tantos dias, tantos meses, tantos anos foi a minha Avó presente.

Esta partida, não propriamente prematura, era espectável há já algum tempo, mas nunca o suficiente para se conseguir acreditar que um dia pudesse vir a acontecer. Sofrida só de antecipar. Morrida de viver.

Esta partida representa, para além de uma parte da minha vida, o final de um ciclo. Um acabar de qualquer coisa que já não vai voltar mais.

Agora foi. Não há volta a dar e não há remédio que tire esta dor.

As valsas dançadas, o cheiro a fresias, as histórias contadas cheias de magia, as descrições dos antepassados, a mágoa da vida, a alegria de viver, as músicas ensinadas, o ponto de ligação, tantas coisas vividas, tantas coisas cantadas, são agora passado enterrado. Não são um passado qualquer, são mesmo passado enterrado, aquele que não tem testemunha e não tem cúmplice.



Não há lágrimas que cheguem para tanta tristeza.


Lágrimas


"As lágrimas são a linguagem muda da dor."

Voltaire

Publicada por Sofia em O meu Cais